Na quinta à noite, eu estava na Taurus.Estava na primeira fila, sentada e aguardando ansiosamente para o início daquela corrida. Me senti completamente ansiosa para ele começar a mostrar todo o seu talento naquelas pistas e ganhar, porque eu sabia que ele ganharia.
Os carros pararam na linha de saída e eu logo vi seu possante preto estacionar ao lado de um vermelho. Até o seu carro esbanjava poder, masculinidade, virilidade. Selena estava ali entre os carros, segurando uma bandeira verde. Ela tinha os cabelos loiros presos num rabo de cavalo, vestia uma blusa que mal cobria seus seios e um shorts curto que apertava a sua cintura.
O locutor começou a dizer o nome dos patrocinadores clandestinos, dos competidores, seus treinadores e toda equipe que estava ali à favor deles. Desviei meus olhos de Selena e foquei no carro de Bennet, que rugia com o motor potente e feroz. Observei Selena caminhar entre os carros e bater no vidro de Ben, ele o abaixou e a loira se inclinou, dando um beijo em seus lábios.
Senti uma coisa estranha dentro de mim. Um aperto no peito. Aquela sensação que todo mundo sente quando tem algo errado, quando insistimos em fazer alguma coisa que o universo não está de acordo. Aquele aviso insistente e permanente. Eu me sentia assim e mesmo com todos os sinais claros, eu ignorei. Fingi que não estavam ali, porque eu era boa nisso.
A corrida se iniciou e um carro amarelo estava na frente, potente e brilhante. Era um Camaro amarelo, antigo. Um a um, os carros foram ganhando velocidade e foram deixando poeira para trás. Os carros faziam curvas perigosas e batiam um nos outros, na intenção de eliminar os concorrentes. Mordi o polegar nervosa, quando um carro tentou empurrar o Bennet da pista. Mas em uma manobra calculada e estudada, ele conseguiu manter o carro na competição e empurrou aquele que tentou tirá-lo de lá, para o canto da pista. Sobraram apenas três carros. Com muito custo, o Camaro eliminou um dos carros, sobrando apenas Bennet e ele. A torcida vibrava, nervosa e apreensiva. Todos estavam ali por causa de Bennet e se ele perdesse, não seria de bom tom.
O Camaro estava na liderança outra vez. Nunca vi aquele carro por aqui — mas não sirvo de base, porque era a minha segunda corrida —, quando o carro de Bennet sumiu da pista. Pisquei, confusa e preocupada. Mas um lampejo nasceu em mim e me lembrei do dia que corri, Bennet pegou um atalho. Comecei a tremer com ansiedade e quando o Camaro estava há poucos metros da linha de chegada, o possante preto dele apareceu, deixando poeira pelos ares. E de novo, Bennet havia ganhado. Deixando toda a torcida dele, ensandecida e vibrante.
Eu gritei, feliz por ele. Pulei com entusiasmo e vibrei. Ele era foda. Minha felicidade por ele era completamente transbordante.
Desci as arquibancadas, como todas as outras pessoas ali e fui em direção ao seu carro. Antes de chegar nele, senti a empolgação esvair por meus poros. Bennet estava com as mãos ao redor da cintura de Selena, os dois pareciam em uma bolha.
Acanhada, me aproximei.
Bennet me olhou, não daquele jeito de quando estamos sozinhos. Um brilho diferente. Como se não nos conhecêssemos ou como se eu fosse uma simples fã. Selena me esquadrinhou e não escondeu o descontentamento ao me ver ali. Enquanto Bennet agia como se não me conhecesse, Selena agia como se eu fosse alguma ameaça para ela e seu reinado.
— Parabéns, Ben — mesmo acanhada, abri um sorriso.
Bennet sorriu.
— Obrigado — seus olhos negros corriam pelo meu corpo, como faíscas flamejantes. — Desculpe a indelicadeza... Qual o seu nome?
Senti meus ombros caírem, meu coração acelerou e senti uma súbita vontade de chorar.
Ele estava mesmo fazendo aquilo. Longe de Selena, de todos, eu era a Coralee. Mas perto de todos, eu era um mera desconhecida. Bennet me tratou como se eu fosse uma simples mosca que rondava sua refeição. Foi completamente humilhante e decepcionante.
Sorri, decepcionada.
— Ninguém... Só vi a corrida e vim te dar os parabéns.
Então eu dei-lhe as costas, escondendo os meus olhos cheios de água. Me segurei até estar dentro do meu carro e quando entrei nele, eu desabei. Chorei copiosamente e dolorosamente. Eu estava decepcionada.
Ele não tinha o direito. Não tinha. Éramos amigos, tínhamos transado e ele me confidenciou coisas. Às escondidas éramos amigos, amantes. Mas na frente de todos, ele fingia não me conhecer, sequer sabia o meu nome. Eu sabia que na frente de todos seria diferente, mas não imaginei o quanto. Não queria beijos, mas diálogos decentes e confidências.
Mas ele me tratou como uma qualquer.
Um soluço sôfrego me escapou. Limpei as lágrimas que rolavam, enfiando a chave na ignição.
E naquele dia memorável, foi a primeira de milhares de vezes que chorei por ele. Nem de longe foi meu pior erro na nossa relação, se é que eu poderia denominar assim. Eu deveria ter me poupado das lágrimas e dores, de tudo que estava por vir. Mas não o fiz.
boa tardeeeee.
Talvez vocês odeiem o Ben agora!!
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CHAOS THEORY
Roman d'amourBennet Miller era o rei da arena de corridas clandestinas em Dallas, a Taurus. Em três anos de corridas, ninguém o venceu ou ultrapassou seus recordes e isso era simplesmente satisfatório para ele. Ele tinha as mulheres ao seu lado, as mesmas que e...