Capítulo 36- Lealdade

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    Ser médico não era muito bem algo que ele desejava. Alguns anos atrás podia até ser um sonho, mas hoje em dia Hayato sabia muito bem que nasceu para lutar com espadas e morreria lutando por isso. Só que seu Sensei era mais teimoso que uma porta, e depois de tomar a ótima decisão de fazer Hayato um ninja médico, o que era difícil só piorou.

    A quantidade de livros que Kisame comprou para Hayato era absurda. E como foi que ele resolveu conciliar os estudos com o treino?

Enquanto Hayato estivesse fazendo qualquer exercício, ele seria obrigado a usar apenas uma das mãos pois a outra estaria ocupada segurando um bom livro. Além disso durantes os duelos ele não poderia deixar seus estudos de lado. Isso significava lutar com apenas um braço e sem olhar para seu adversário.

    Vai parecer um absurdo falar isso, mas funcionou. Após outros longos meses se machucando todos os dias, e mal dormindo para poder se aprofundar em anatomia humana e controle de chakra, o loiro conseguiu pela primeira vez curar um corte profundo causado por outro de seus descuidos contra Kisame.

Ao olhar a pele recém curada, e o aspecto rosa claro da pequena cicatriz se formando Hayato não conseguiu segurar o sorriso e um pulou de alergia. "Eu consegui!"

"Meus parabéns." Kisame também não conseguiu segurar sua expressão séria e acabou demostrando um sorriso orgulhoso do seu pequeno aluno.

    Naquela tarde eles dois saíram para jantar no restaurante favorito do loiro. Por mais que a comida em Ame fosse diferente do que ele estava acostumado, teve uma coisa que conquistou o coração dele na mesma hora. A comida vegetarina desse país era infinitamente melhor que a de Konoha.

    Falando em Konoha, esse foi um dos poucos momentos que ele parou para pensar um pouco e Hayato se deu conta de algo... 9 meses. A última vez que ele viu qualquer rosto familiar foi 9 meses atrás. Era inevitável imaginar como estavam seus amigos, Genma ou até mesmo sua família.

"Aconteceu alguma coisa Hayato? Você parece triste." Kisame comentou enquanto devorava seu prato de ramen.

"Sensei... você acha que eles estão bem? Sabe... os meus amigos..."

O azulado olhou para o aluno, e em seguida para as pessoas que saíram pela porta. "Eu não acho... eu tenho certeza."

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    9 meses, era um tempo considerável. Mas Yuuki não ligava muito para a quantidade de dias ou meses que se passaram. O moreno visava unicamente o dia em que sua liberdade finalmente estivesse ao seu lado. Mas ele estaria mentindo muito se contasse que não gostava daquele lugar.

    Nesses últimos meses Yuuki sonhou em estar em casa, no entanto ele não conseguia mais se ver sem praticamente morar com Konan-san, sem dar bom dia e boa noite para os guardas da prisão, sem passar o dia inteiro estudando sobre os mais diversos selos e desvendando os maiores mistérios envolvendo um monte de padrões lineares.

Se tornou uma rotina que ele amou de corpo e alma.

    Depois de 9 meses ele já conseguia se desfazer totalmente em papel. Usar essa capacidade para atacar e proteger todos que ama. Se um ano atrás, naquela maldita missão Rank C ele tivesse apenas 10% desse poder agora o time 4 seria uma pequena potência Shinobi, lutando para chegar na classificação Jounin aos 15.

Yuuki se encostou na parede do escritório da sua professora, olhando mais uma vez para um selo responsável pela única coisa que o prendia nesse escritório nos últimos dias.

    Padrão circular, 17 camadas. Protegendo um mísero cofre com informações de Kagamigakure. Mas esses padrões lembravam muito as 9 tatuagens que Sakura tinha em seu corpo. Yuuki memorizou cada uma delas. Pescoço, ombro esquerdo, ombro direito, barriga, costas, ambos os tornozelos e os últimos ficavam atrás das orelhas dela. Todos com padrões circulares e triangulares, típico para contenção.

Sakura Haruno - Kagami no Umi || 鏡の海 ||Onde histórias criam vida. Descubra agora