WOUND AND SCARS - nikolai lanstov

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- Primeiro me responda uma coisa - disse Sturmhond, colocando a mão dentro de sua sobrecasaca. Ele tirou um pequeno volume vermelho do bolso e o passou para Alina. - Por que o Darkling carregava isso com ele? Ele não me parece ser do tipo religioso.

- Você roubou isso? - perguntou Alina pegando o livro.

- E muitos outros documentos da cabine dele. Embora, mais uma vez, já que tecnicamente era a minha cabine, não tenho certeza de que possa chamar isso de roubo. - respondeu o corsário

- Tecnicamente a cabine pertence ao capitão do baleeiro de quem você roubou o navio.

- É justo. Se toda essa coisa de Conjuradora do Sol não der certo, você pode considerar uma carreira como advogada. Você parece ter a disposição crítica necessária. Mas devo observar que isso pertence a você, na verdade. - disse e logo depois pegou o livro e o abriu. O nome de Alina estava escrito por dentro da capa.

- Interessante, não? - disse Sturmhond depois de Alina folear algumas páginas do livro e chegar a figura de um dragão. - A menos que eu esteja muito enganado, essa é a criatura que acabamos de capturar.

 - Apenas mais uma história. - disse Alina fechando o livro e entregando-o para Sturmhond.

- Fique com ele. É seu mesmo, afinal. Como tenho certeza de que você notou, tenho um profundo respeito por bens pessoais. Além disso, você precisará de algo para mantê-la ocupada até chegarmos a Os Kervo.

- Você está nos levando para Ravka Oeste? - perguntou Alina sobressaltada.

- Estou levando-os para conhecerem meu cliente, e isso é tudo que realmente posso lhes contar. - respondeu o corsário.

- Quem é ele? O que ele quer de mim? - perguntou Alina.

- Tem certeza de que é um 'ele'? Talvez eu a esteja levando para a Rainha fjerdana. - disse Sturmhond

- E está? - retrucou Alina.

- Não. Mas é sempre sábio ter uma mente aberta. 

- Pelos Santos! Você alguma vez responde uma pergunta diretamente? - perguntou Lis

- É difícil dizer. Ih, veja só, fiz de novo. - respondeu o corsário com um sorriso irônico. 

- Responda à pergunta, Sturmhond - repetiu Lis.

- Duas coisas que vocês devem saber. Primeira, capitães não gostam de receber ordens em seus próprios navios, mesmo se for se mulher bonita. Segunda, quero propor um acordo a vocês. - disse Sturmhond.

- Por que deveríamos confiar em você? - perguntou Maly.

- Vocês não têm muita escolha. Tenho plena consciência de que as duas poderiam afundar este navio e nos enviar para águas profundas, mas espero que se arrisque com meu cliente. Ouça o que ele tem a dizer. Se vocês não gostar da proposta, juro que os ajudo a escapar. Levarei vocês a qualquer lugar do mundo.

- Então, você trapaceou com o Darkling e agora vai dar uma guinada e trair seu novo cliente também? - disse Alina desacreditada.

-De jeito nenhum. Meu cliente me pagou para levá-los a Ravka, não para mantê-los lá. Isso custaria um extra. - disse Sturmhond, genuinamente afrontado.

- Ele é um mentiroso e provavelmente maluco, mas também está certo. Não temos muita escolha. - disse Maly. 

- Tudo bem. - respondeu a Conjuradora do Sol

- É ótimo saber que vocês não iram afundar todos nós. - respondeu e logo em seguida acenou para um marinheiro que pairava nas proximidades. - Encontre Tamar e diga que ela dividirá seus aposentos com a Alina e sua amiga . Ele pode ficar com Tolya.

Maly fez uma careta e saiu como se estivesse nervoso com alguma coisa e Alina o seguiu.

- Talvez eles queiram ficar sozinhos - disse Sturmhond a Lis. - Tipos de casais como eles precisam de um certo tempo para ruminar. Caso contrário, ficam mal-humorados.

- Você leva alguma coisa a sério? - perguntou Lis, visivelmente irritada.

- Não se eu puder evitar. Isso tornaria a vida tão entediante.
Algo bateu na água com um barulho alto. A tripulação havia erguido o cadáver do açoite do mar sobre a amurada do navio. Içando-o, eles o empurraram para fora, pela lateral da escuna. Rapidamente, Rusalye foi embora, engolido pelo mar. Um assovio longo soou. A tripulação se espalhou em seus postos, e os Aeros assumiram seus lugares. Segundos depois, as velas cresceram como grandes flores brancas, e a escuna seguiu mais uma vez em seu caminho.

- Vai nos ajudar a escapar? Caso Alina não aceite a proposta.  - perguntou Lis

- Está tão pessimista assim em relação a recusa da Alina a oferta?

- Ela quer ser livre. Faria qualquer coisa por isso.

- Enquanto o Darkling viver, ela nunca será livre. Nem nosso país. Mas te dou minha palavra como um mentiroso e degolador que ajudarei caso ela não aceite - disse Sturmhond partindo pelo convés.