Capítulo 3

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Sim, ela se lançara no penhasco de sua crueldade e exploração. E só podia culpar a si mesma.

Mas havia algo que aprendera com aquela provação. S/n não brincava. Nunca. Era tão séria quanto à peste.

Aos seus olhos, esse era o único defeito que ela possuía. É claro, seus olhos aquela falha algo sem importância. Mas esse fato lhe impingiu uma certeza. Aquele e-mail não era uma brincadeira.

Chegara àquela conclusão minutos após lê-lo. Depois de ter passado o choque inicial, experimentara uma gama de reações extremas, até restar apenas a raiva.

O ruído de um clique a arrancou de suas reflexões assassinas.

Forçando as pernas rígidas a se moverem, caminhou pelo corredor que levava à cobertura de S/n.

Nada havia mudado. Ela a devia estar monitorando através da câmera de segurança. Sempre fizera isso, mal permitindo que ela entrasse antes de tomá-la nos braços, dominada pelo desejo. Ou assim ela pensava.

Hailee olhou para onde a câmera estava escondida. Ainda possuía a chave. Outra lembrança que não descartara. Ela provavelmente não mudara a fechadura.

Ela enfiou a chave na fechadura, desejando que fosse o olho de S/n.

Sua respiração ainda estava presa, quando a porta se abriu.

S/n se encontrava no final da extensa sala de estar, em frente à tela, que no passado exibira filmes do delírio sexual de ambos.

O coração de Hailee batia descontrolado, enquanto aqueles olhos de aço atingiam-na com um milhão de volts de sensualidade e carisma através da distância.

No passado S/n fora o epítome da beleza feminina. Agora, conseguia ser incrivelmente mais bela.

Toda vestida de preto, parecia ainda mais alta, os ombros mais largos, a cintura e os quadris mais estreitos em comparação ao tronco, e as coxas com músculos mais proeminentes. O rosto exibia ângulos mais nítidos, intensificava a luminescência de seus olhos. Discretos fios grisalhos atingiam-lhe o cabelo, nas têmporas, acrescentando o último toque de sedução.

Mas Hailee não estava apenas conferindo as mudanças do que ela conhecia tão... Intimamente. Estava reagindo a ela da mesma forma, com a mesma intensidade, de quando era mais jovem, inexperiente e inconsciente de sua realidade.

— Antes de dizer qualquer coisa, sim, tenho provas que poderiam enviar seu pai e seu irmão para a prisão, por uns 15 anos no mínimo. Mas você já deve saber disso. Por isso está aqui

A incapacidade momentânea de Hailee desapareceu. Ela caminhou firmemente em sua direção, a raiva alimentando cada passo.

— Sei que você é capaz de tudo. É por isso que estou aqui.

— Vou dispensar as preliminares e ir direto ao ponto da minha intimação

Hailee parou a metros de distância, escarnecendo.

— Intimação? Uau. O título de nobreza lhe subiu à cabeça, não é? Mas acho que deve ter sido sempre essa sujeita pretenciosa e repugnante. Eu é que estava cega demais para perceber.

Aqueles lábios esculpidos que antes a levavam à loucura se contraíram

— Agora não tenho tempo para suas farpas de mulher desprezada. Mas, assim que o meu objetivo estiver cumprido, posso lhe dar uma chance de desabafar. Vai ser divertido...

— Tenho certeza de que será. Tubarões gostam de saborear sangue. E, qualquer coisa que eu disser a você ou sobre você, não são farpas. São apenas fatos. Então, vamos parar de perder calorias e chegar ao ponto da sua intimação. O que quer para não destruir a minha família? Deseja-se que eu roube alguma informação ultrassecreta de seus rivais, já não trabalho na sua área, como sabe muito bem.

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