Capítulo 5

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— Ela partiu seu coração? — perguntou Wanda, parecendo ler a resposta em seu olhar taciturno.

— Não. Ela o esmagou.

— Certo. Agora já odeio a garota. Eu a vi algumas vezes na televisão, e não sei por que, não me passou a imagem de uma pessoa repulsiva. Soava como uma pessoa decente. E, mesmo apesar de sua reputação, lembro-me de como conseguiu demolir o estereótipo de mimada. Pensei que o fato de ser uma cientista a salvara de ser um monstro narcisista. Mas estava enganada.

Hailee se sentiu dominada pelo desejo ridículo de defender S/n

— Ela não é... Não era assim. Ela só... Não sei. É como se fosse duas... Não, três pessoas em uma. A mulher por quem me apaixonei era como você descreveu: honrada, honesta, brilhante em seu trabalho, sensível, carinhosa e apaixonada. A mulher que terminou tudo comigo: fria, insensível e até mesmo cruel. E, por fim, a mulher que conheci hoje: implacável e dominante. Mas não se parecia com a mulher que levava tudo a sério ou com aquela que sentiu prazer em me humilhar.

— Humilhá-la? E agora está pedindo que se case com ela para limpar sua reputação? E não diga "apenas por um ano" de novo ou talvez eu tenha que quebrar alguma coisa. Recuse a proposta de casamento e mande-a para o inferno.

Hailee sempre achara Wanda tão magnífica quanto uma leoa dourada. E agora ela parecia defender um filhote.

— Quer dizer que, se não fosse por isso, não me aconselharia a recusar a proposta?

— Não, não aconselharia. Quero dizer, você não está no mercado para conseguir um casamento normal. Então, surge uma princesa maravilhosa, oferecendo-lhe um ano de conto de fadas, com um bônus em dinheiro de 10 milhões de dólares. Se ela não fosse uma canalha, eu teria achado um supernegócio para você. Agora, o que me deixa curiosa é como ela ousa procurá-la, dentre todas as pessoas, com essa proposta?

Hailee não lhe contara à razão que levara s/n a escolhê-la. Ela exalou um suspiro e escapou da resposta.

Wanda pigarreou.

— Mas não importa o que ela pensa. Se a incomodar, depois de você dizer "não", mandarei Natasha quebrar-lhe todos os dentes.

Imaginar Natasha, uma tremenda lutadora, confrontando a igualmente poderosa, mas refinada s/n, fez Hailee soltar uma risadinha.

— Não estou procurando uma pessoa para me defender, Wands. Queria apenas... Compartilhar. Eu já decidi dizer "sim". Será apenas por um ano. E basta pensar no que posso fazer com 10 milhões de dólares por todas as causas humanitárias em que estou envolvida.

Wanda bufou.

— Não é muito. Se for tola o suficiente para se colocar ao alcance da mulher que a feriu e a humilhou, eu pediria, no mínimo, cem milhões. Ela pode pagar, e é ela quem precisa limpar a imagem

Hailee sorriu. Conhecera Wanda cinco anos atrás, quando trabalhava com os Médicos sem Fronteiras. As duas se deram bem de imediato e logo descobriram cada uma pelo próprio calvário, que precisavam de uma causa, não de uma carreira. Como especialista em Direito Empresarial e Internacional, Wanda fizera o possível para Hailee realizasse coisas que julgava impossíveis, sempre insistindo que seu know-how na área econômica era mais valioso que o Direito em um mundo onde o dinheiro era uma constante e todo resto, volátil.

— Queria que você desse uma olhada nisto... — Ela pegou o acordo pré-nupcial como se fosse uma bomba. — Isto resume o que eu lhe contei. Gostaria do seu parecer jurídico sobre esta pequena joia.

Wanda olhou para o volume pesado em seu colo.

— Eu diria que é enorme. E, pela aparência e o peso, não tenho certeza se "joia" é a palavra certa para descrevê-lo. Bem, vamos ver o que a princesa tem a oferecer.

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