Capítulo 10

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Com os nervos reverberando como cordas dedilhadas, quando S/n a puxou para o seu lado, ela já não sabia se sentia seu coração ou o contato daquele corpo forte em sua caixa torácica. Então ela levou a colher aos lábios Hailee, que se abriram, instintivamente, aceitando a sua oferta.

No segundo seguinte, S/n a beijava, explorando lhe a boca com uma posse violenta, como se quisesse sorvê-la, engolir seus gemidos, derramar o fervor de suas carícias e prazer dentro dela.

— Meravigliosa, deliziosa...

O estômago de Hailee fez outro protesto explícito.

S/n se afastou, com os olhos em chamas, o sorriso maroto.

— Bem, a carne está desejosa, mas o estômago está ainda mais. Quer parar de parecer tão deliciosa para que eu possa alimentá-la?

Incapaz de se mover da posição em que estava Hailee suspirou.

— Então a culpa é minha, agora?

— É tudo culpa sua meu anjo. Tudo.

Apesar de toda a indulgência com que S/n proferira aquelas palavras, isso a confundiu. Porque não parecia uma brincadeira. No entanto, tudo o que ela conseguia fazer era se render aos mimos de S/n e se admirar com a diferença que algumas horas podiam fazer. Começara aquilo determinada a resistir até o fim. Agora, sua mente parecia embotada, sua força de vontade erguendo uma bandeira branca. E por que não?

O que quer que aquilo fosse não iria durar. Mas, dessa vez, ela sabia. Fora alertada, devia estar preparada contra qualquer dor e desilusão. E se sentia tão bem. Como nunca se sentira na vida. Por que simplesmente não aproveitar?

Mesmo com o custo dos danos incalculáveis mais tarde? Conseguiria sobreviver dessa vez?

Hailee fitou os lindos olhos de s/n, permitindo que seu feitiço derrubasse o último pilar de sua sanidade, e foi obrigada a enfrentar o que jamais quisera admitir. Sentira falta dela como sentiria de um órgão vital. A saudade acumulada aumentou ainda mais com a nova apreciação que a dominava.

Então, sim. Faria aquela viagem com S/n. A qualquer custo.

— Aterrissaremos Dentre minutos, princesa.

O anúncio fez a cabeça de Hailee estremecer sobre o ombro de S/n e olhar para o relógio de parede, à distância.

Haviam se passado nove horas desde que subiram a bordo?

O tempo nunca voara de modo tão imperceptível.

E ali estavam elas. Desembarcando em um lugar em que ela nunca pusera os pés antes e que, até 48 horas atrás, pensava, por inúmeras razões, que jamais poria. A terra natal de S/n. Uma terra de lendas vívidas e tradição única.

Krypton

Estivera tão focada em S/n e na recém-afinidade que as unia que não olhara uma vez sequer pela janela, quando o piloto, de tempos em tempos, anunciava as terras sobre as quais estavam voando. Naquele momento, encontravam-se deitadas na poltrona reclinável, olhando uma para a outra, deleitando-se com as conversas, provocações, simplesmente desfrutando uma a outra.

Dando-lhe um aperto suave na coxa, S/n se inclinou para outro daqueles beijos que a deixavam zonza e, em seguida, afastou-se com um suspiro pesaroso.

— Embora ache que alguns fusíveis dentro de mim vão queimar quando eu o fizer, tenho que tirar minhas mãos de você. Precisa ver isto. Krypton do alto é de tirar o fôlego.

Desatando o cinto de segurança de ambos, puxou-a com ela e abriu a cortina da janela, mantendo-se atrás dela, enquanto Hailee se ajoelhava e se curvava para olhar para baixo, para Krypton. Mas ela não conseguia registrar nada, com os carinhosos beijos que S/n lhe depositava nas costas. Tudo que queria era se virar e pedir-lhe para acabar logo com aquele tormento que vinha crescendo há horas, há anos. Queria que ela a possuísse, enquanto estava daquele modo, ajoelhada e vulnerável. Queria que S/n a levasse ao delírio, enquanto desciam para o seu domínio, durante o tempo limitado que teriam juntas.

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