Capítulo 8 - Emburradinho

193 27 11
                                    

Jisung caminhava com uma dose extra de confiança pelos corredores da escola. Dono do próprio nariz empinado enquanto o refrão de Teenagers ditava seus passos, ele não tinha que se importar com mais nada. Nem com os olhares da meia dúzia de alunos que ainda não tinham se acostumado com o seu visual, ou com as risadinhas de outra meia dúzia que adorava criar rumores sobre um garoto gay e emo que andava por aí.

Park Jisung sabia que ele era o máximo. Sendo assim, continuava andando em paz.

Mesmo que a direção qual estava seguindo fosse meio perigosa.

Avistou Zhong Chenle guardando suas latas vazias de spray dentro do armário. Parecia ter amarrado mais correntes em sua calça grossa, e uma blusa gigante escrito "JESUS LOOK LIKE ME" com caligrafia de grafitti envolvia seu tronco.

Jisung suspirou porque não conseguia mais disfarçar que era caidinho por ele.

Hesitou um pouco antes de se aproximar, como se a confiança de segundos atrás houvesse diminuído de nível.

Por fim, apoiou seu antebraço no armário vizinho ao do metaleiro, dando seu melhor sorriso.

— Bom dia, emburradinho.

Pausou a música em seus fones para dar toda sua atenção para ele.

Um erro, pois tudo o que Zhong Chenle fez foi fechar a porta de seu armário num estrondo, ajeitar sua mochila nas costas e sair andando em passos brutos pelo corredor, sem sequer olhar para a cara dele.

Jisung ficou parado por alguns segundos. Continuou olhando para o lugar que o garoto havia ocupado, como se ele ainda estivesse ali.

Estalou a língua e torceu o pescoço, sentindo seu sangue ferver.

Apressou o passo para alcançá-lo.

— Você não vai fazer isso comigo, né? — Perguntou em voz alta. Não dava a mínima se Chenle queria que mantivessem aquilo em segredo ou não.

O outro se virou. Seus olhos pegavam fogo e a mandíbula estava travada.

Avançou na direção do Park como uma fera. O agarrou pelo colarinho outra vez e bateu com as costas dele na parede mais próxima.

Tratou de falar à centímetros de seu rosto, na voz mais séria que possuía.

— Escuta. Eu não sei que porra de feitiço você botou em mim, Park, mas eu estava fora de controle. Não pensei em nada direito. E aquilo não vai acontecer de novo. — Disse a última parte devagar, para se fazer entender. — Fica longe de mim.

Suas mãos abandonaram a camisa de Jisung em outro movimento brusco. Tratou de sumir por aquele corredor, caminhando o mais rápido que podia.

Jisung se recusava a acreditar que aquilo estava acontecendo.

Na verdade, se recusava a acreditar que não tinha pensado que aquilo iria acontecer.

— Você é um covarde! — Gritou.

Mas Zhong Chenle apenas ergueu um dedo do meio e foi matar uma aula de história.

Renjun caminhava até seu lugar favorito naquela escola. Havia uma área extensa que não era usada por ninguém, com algumas árvores e um pequeno coreto, escondido o bastante de onde se concentravam as salas de aula e o restante dos alunos. Era perfeito para fumar, ouvir algum álbum, ou apenas ficar sozinho.

Mas o lugar já estava ocupado.

Sorriu. Aquela camisa xadrez podia ser reconhecida de longe.

— Oi. — Cumprimentou, sentando-se ao seu lado. Estavam em cima de uma das pequenas muretas de concreto que formavam o coreto, de frente para as árvores. Chovia um pouco, mas o telhado os protegia das gotas de água. — Mal te vi hoje. Tá tudo bem?

LET THE KIDS STAY RAW!Onde histórias criam vida. Descubra agora