Capítulo 16 - Como diria o Oliver Sykes

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— Jisung?

Acordar com a voz de Chenle era uma parte oficial dos dias do mais novo. De domingo à domingo, três toquinhos na porta, seguidos daquele chamado distante, eram o suficiente para despertá-lo.

Se remexeu na cama. Aos poucos, afastava o sono e tomava consciência.

Percebeu, então, que aquela não era a voz de Chenle.

— O café está pronto. — Disse a mulher do outro lado da porta. Os passos de Zhong Meiyu se afastaram em seguida.

O sol de domingo entrava pela janela e também pedia para que Jisung se levantasse.

Ele gastou alguns segundos olhando o movimento das cortinas. Corpo relaxado e molengo.

Seu pensamento ainda estava na madrugada.

E que madrugada...

— Bom dia. — Jisung cumprimentou. Tratou de ajudar a colocar a mesa, junto aos dois mais velhos da casa.

— Bom dia, grandão. — A mãe de Chenle cumprimentou de volta. Jisung não segurou a risada. Ela vinha cultivando o hábito de chamá-lo assim, e toda vez que o fazia era como se estivesse ouvindo pela primeira vez. — Como você pode ver, alguém dormiu fora de casa. — Ela negou com a cabeça, mas havia um sorriso nós lábios.

Os três se sentaram e observaram a cadeira vazia sob o mesmo olhar cômico.

— Chenle é uma figura. Nós temos o costume de deixá-lo beber porque ele não é muito de passar do limite... — Wenxuan encheu uma xícara com leite puro. — Mas quando ele passa do limite, ele passa pra valer.

Apesar do tom de voz sério, ele não parecia bravo. Chenle já era quase um adulto e cumpria com o mínimo de responsabilidade ao ligar avisando que dormiria na casa de alguém.

Jisung ergueu as sobrancelhas levemente. De onde ele vinha, aquele tipo de liberdade parecia mais um conto de fadas.

— E você, Jisung? — O Zhong mais velho pousou os olhos em sua direção. — Não gosta de sair?

— Eu gosto, pra falar a verdade. — Assentiu, tímido. Explicou-se de maneira acatada. — Mas, como vocês sabem... eu não tenho muito dinheiro. Aí prefiro focar nas minhas prioridades.

Os dois mais velhos trocaram sorrisos confusos. Não estavam esperando pelo tom sério daquela resposta.

— E quais são? — Perguntou Meiyu.

Jisung engoliu seco. Ainda não havia compartilhado seus pensamentos com ninguém, mas parecia certo falar sobre aquilo com os Zhong. Eram o mais próximo que ele tinha de um modelo familiar, afinal.

— Tenho que economizar ao máximo até arranjar um emprego. Eu, hm... quero sair daqui. Não porque não gosto de vocês ou da casa, longe disso. Mas é bem óbvio que eu não posso depender de vocês pra sempre. — Contou. — Preciso de um recomeço só meu.

O silêncio na mesa fez as bochechas de Jisung enrubescerem. Respirou fundo, sorrindo sem jeito. Também não sabia de onde havia surgido aquela confiança toda na própria fala.

— Você fala como gente grande, Jisung. — Wenxuan passou os dedos pela própria barba rala, sorrindo. — Até melhor que gente grande, eu diria.

Meiyu assentiu, apoiando seu rosto nas mãos.

— Ele é um menino e tanto. — Sua observação deixou Jisung sem graça mais uma vez. Ela suspirou, admirada e empática. — Bem, sem dúvida, nós compreendemos o que quer dizer. Estar na sua situação é realmente delicado...

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