Capítulo 15 - Capotando o corsa

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Debruçado sobre a mesa de bar, Chenle resmungava. Havia bebido muito, a ponto de se sentir incomodado com o som estrondoso que saía das caixas de som do clube. Seus amigos conversavam acima da música alta, mas estava tão tonto e ausente que mal conseguia entendê-los.

Sua visão trêmula enxergava Jaemin dançando sob a luz noturna, entre os corpos de outras pessoas. Renjun e Donghyuck estavam sentados à mesa junto a si, discutindo por algo que não estava nem um pouco afim de saber.

Aquela sensação era horrível. Um misto de solidão e carência mil vezes amplificado pelo efeito da bebida. Adentrou as mãos pelo próprio cabelo, puxando os próprios fios para descontar o estresse. Fazia tempo que se sentia triste consigo mesmo, que se punia por carregar o peso das palavras que não conseguia dizer. E tudo parecia mais insuportável depois de muita vodca.

Olhar para Jisung todos os dias era um inferno.

Ser covarde era um inferno.

Se contorceu na cadeira estofada, encarando um cubo de gelo que derretia dentro de outro copo vazio. Por quanto tempo seria capaz de suportar a dor de não confessar o que sentia?

Recuperou sua postura. Tão tonto que quase desmoronou em cima da mesa de novo.

Anunciou para quem conseguisse ouvir.

— Eu vou beijar o Jisung de novo.

Renjun e Donghyuck o encararam no mesmo instante. Aquela DR podia esperar.

Chenle lutava para manter seus olhos abertos. O excesso de luzes noturnas fazia ele se sentir ainda mais perdido, pendendo seu tronco de um lado para o outro.

— Chenle, você tá bêbado. — Donghyuck alertou, como se não fosse óbvio. Sem dar a mínima, o Zhong tratou de se levantar e quase tropeçou nos próprios pés. — Meu deus do céu — Se colocou de pé junto à Renjun, para escorar o amigo.

Tentou passar um dos braços de Chenle ao redor de seus ombros, mas ele se desvencilhou de modo brusco.

Chenle era o pior tipo de bêbado. Resmungão, teimoso e escandaloso. Nada muito diferente do seu normal, mas muito, muito pior.

— Eu vou... Beijar... O pestinha emo do Jisung, de novo! — Berrou com sua voz grogue, erguendo o braço para anunciar e tudo mais. Seus amigos o cercavam, temendo que ele pudesse cair a qualquer momento. Agarrou os ombros de Renjun, sorrindo embriagado. — E vai ser hoje...!

— Ah, vai sim. Ele nem tá aqui, seu idiota. — Renjun revirou os olhos. Fez uma careta quando o hálito de Chenle bateu em seu rosto. Abanou o ar com uma de suas mãos. — E eu não ligo se vocês moram juntos, ele nunca vai querer te beijar com você nesse estado, fedendo a cachaça.

Chenle continuou resmungando cada vez mais alto, o que atraía atenção de quem passava por perto. Jaemin escutou os berros do amigo de longe e foi ao seu amparo. Ele sempre passava da conta.

— Vamos, Chenle. Hora de jogar uma água no rosto. — Apoiou uma das mãos nas costas do chinês, o guiando lentamente para que começasse a andar.

Outra vez, Chenle se livrou de todo e qualquer toque que alcançasse seu corpo, irritado.

— Me deixa, Jaemin! Eu... consigo. Eu consigo fazer sozinho! — Tratou de andar até o banheiro, esbarrando em uma pessoa ou duas. Ou seis, ou dez.

Seus amigos assistiram aqueles passos tortos em total preocupação — o que não os impediu de dar risada.

Chenle errou maçaneta duas vezes, mas conseguiu trancar a porta sem dificuldade. Sentou-se no chão da cabine, encostando sua cabeça em uma das paredes estreitas. O som alto da pista de dança era abafado ali dentro e a luz sólida trazia um pouco mais de paz, mas tudo continuava girando, tudo continuava confuso.

LET THE KIDS STAY RAW!Onde histórias criam vida. Descubra agora