Capítulo I

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Laurent deixou que Damen voltasse para Akielos, o que acabou se tornando a pior das suas escolhas, deixando-o preso em Ravenel enquanto seu tio governava o seu reino com todo o conforto possível ao mesmo tempo em que mandava outras pessoas atrás do seu pescoço.

Não houve despedida entre eles. Laurent havia se levantado da cama enquanto Damen dormia e então saído para cavalgar a fim de não ter de se despedir do príncipe akielon que manteve como escravo durante todos aqueles meses.

Laurent nunca foi bom com despedidas, e aquela em especifico tinha tudo para ser particularmente complicada, afinal, o que ele deveria dizer e como deveria agir? Não tinha resposta para isso. Não era algo que ele pudesse aprender em livros, ou mesmo algo para o qual existisse uma resposta pronta.

E mais importante de tudo. Como ele deveria lidar com o fato de que transara com o assassino do seu irmão e ainda por cima gostara daquilo, ansiara por cada segundo daquilo.

O melhor que pode fazer naquelas circunstancias era evitar Damen, manda-lo embora, de volta para a sua casa, para a fronteira com Delfeur, onde certamente encontraria apoio para a sua reinvindicação ao trono.

Lidaria com seus sentimentos quando tivesse tempo para isso, e quando fosse preciso, enfrentaria as consequências de suas escolhas, se houvessem. afinal até onde ele sabia Damianos podia muito bem ter se satisfeito ao tê-lo na cama uma vez, e então perdido o interesse.

Essa ideia incomodava Laurent muito mais do que ele gostaria de admitir.

Felizmente Laurent não teve muito tempo para pensar em Damen, pois precisava lidar com seu tio.

Estava em uma situação difícil, não tinha muitos homens e precisava defender o seu forte recém-conquistado. Mantendo Aimeric como refém, ele conseguiu a rendição de Guion, adicionando Fortaine ao seu controle, embora antes disso ele tivesse sido capturado e escapado por muito pouco de ser estuprado por Govart, quem ele acabou matando para se salvar e conseguir negociar com Guion.

Laurent tinha a fronteira, três fortalezas, uma delas, Acquitart, muito mais simbólica do que realmente útil, mas ao menos Fortaine e Ravenel tinham seus suprimentos e homens a oferecer. E com Damen lutando por sua própria coroa do outro lado, não precisava se preocupar com um possível ataque dos akielons, já que eles estavam ocupados demais com seus conflitos internos.

Infelizmente Laurent não conseguiu fazer mais avanços depois disso. Ele repeliu alguns ataques dos homens do Regente e manteve sua posição. Escreveu cartas para qualquer um que pudesse estar disposto a ajuda-lo e tomar partido, mas poucos responderam, alguns enviando homens ou suprimentos, poucos tiveram coragem de desafiar diretamente o Regente.

E assim, Laurent estava preso na fronteira quando os primeiros sintomas apareceram.

Seus enjoos e falta de apetite foram facilmente percebidos por Paschal, que sempre manteve olhos cuidadosos sobre o príncipe. Laurent se esforçou ao máximo para negar e ignorar aquilo tudo. O desconforto matinal, o cansaço, as náuseas...

No meio de toda a confusão que havia sido a sua campanha militar para a fronteira em um certo ponto os supressores de Laurent haviam desaparecido. É claro que, com a traição de Aimeric, ele sabia perfeitamente bem quem os havia pego. Após tantos anos suprimindo seu cio, Paschal previra que fosse extremamente improvável que Laurent engravidasse fora do período de calor, afinal ainda haveria traços do medicamento em seu organismo, o que podia dificultar até mesmo uma gravidez durante o cio.

Ainda assim, mais de um mês e meio depois da partida de Damen, mais de três meses depois do extravio de seus supressores, o príncipe ainda não havia sido afligido por nenhum sintoma do cio.

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