Capítulo II

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Primeiro Laurent seguiu até Fortaine, e de lá foram em direção a Marlas. Jord e Lazar ficaram bastante nervosos com o rumo que aquela viagem estava tomando, lembrando-o mais de uma vez que os akielons não seriam gentis com veretianos que se atrevessem a entrar em seu território. Eles não precisavam dizer que tudo no príncipe denunciava a sua origem como nobre veretiano, mas estava implícito. E é claro que ele sabia disso tudo.

Laurent sabia que estava se arriscando, sabia que em Akielos, com seu tom de pele, seus cabelos e suas roupas, dificilmente passaria despercebido. Na verdade, ele contava com isso.

Já havia estado em Delfeur antes, havia lutado na batalha de Marlas, mesmo que na época ainda fosse um garoto completamente inexperiente em combate e talvez até certo ponto incompetente. Provavelmente só saíra vivo de lá pois fora mantido longe do combate real, e seus guardas haviam recebido ordens diretas e estritas de Auguste para protege-lo a todo custo.

Agora ele cavalgava pela mesma estrada que percorrera de carruagem naquela época e tudo ainda era assustadoramente igual, a não ser por uma ou duas pequenas aldeias novas, e as antigas não eram mais as mesmas ruínas daquela época, tendo sido totalmente reconstruídas após a guerra.

Agora aquela terra era território akielon, mas alguns anos antes era solo veretiano.

Laurent podia jurar que, ao passar por uma aldeia, viu uma criança parar abruptamente uma brincadeira e encarar com admiração o brasão de estrela que trazia em seu ombro. Não muito distante teve quase certeza de ter ouvido vozes sussurrando em veretiano.

Aquelas pessoas também eram o seu povo no fim das contas.

— Alteza. — Lazar chamou sua atenção quando pegaram a estrada principal em direção a Marlas. — Se continuarmos nessa direção não vai demorar para sermos encontrados por soldados akielons...

— Estou contando com isso. — Laurent murmurou, em resposta.

Ele sentiu os olhares receosos de Jord e Lazar sobre si. Apenas Paschal permanecia calmo, embora Laurent não soubesse dizer se ele realmente se sentia daquela forma.

Eles avançaram por mais alguns metros antes que vissem um pequeno grupo de soldados akielons avançando rapidamente em sua direção.

Laurent suspirou pesadamente e parou exatamente onde estava.

— Deixem isso comigo. — ele ordenou a Lazar e Jord. — Eu cuido disso. Vocês terão de confiar em mim.

Eles murmuram em confirmação, mas o nervosismo dos cavaleiros afetou os cavalos, que se tornaram agitados e mal conseguiam ficar parados, balançando as cabeças ou batendo ocasionalmente com os cascos no chão.

Laurent acariciou suavemente o pescoço de sua égua enquanto esperava, sentindo que a agitação dos outros a deixava tensa.

Os soldados lhes cercaram rapidamente, montados em seus próprios cavalos, trajando armadura akielon completa, o que basicamente significava que eles tinham muitas partes do corpo desprotegidas, e estavam armados, é claro.

Antes que o líder se pronunciasse, Laurent aprumou sua postura e falou em Akielon.

— Sou o príncipe Laurent de Vere, e venho exigir uma audiência com o rei Damianos.

Laurent sabia que seus homens não entenderam uma única palavra em akielon, mas o anúncio de sua identidade os deixou apreensivos. Apreensivos o bastante para que Lazar aproximasse o cavalo alguns passos de sua égua e encarasse os soldados akielons com um olhar desafiador. Uma atitude protetora que Laurent descartou com um aceno de mão e sua égua recolocou a distância anterior entre eles.

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