Laurent avançou por muito mais corredores do que o esperado antes de ser pego pelos guardas do Regente. Eles não passaram mais do que alguns poucos minutos na cela antes que um soldado beta viesse busca-los para o julgamento.
Paschal permaneceu impassível. Lazar estava agitado e irritado, por duas vezes Laurent teve de lhe ordenar que não fizesse nada. Eloise por sua vez apenas olhava para Aimeric com preocupação, enquanto o rapaz mantinha a cabeça erguida e a expressão fria.
Laurent não se surpreendeu ao encontrar todos os cortesãos reunidos em um só lugar, seu tio sempre teve um fraco pela humilhação pública, mesmo quando ela já se tornava previsível. Enquanto os nobres se amontoavam, cochichando uns com os outros, com olhares assustados e claramente muito mais preocupados com o exército a suas portas do que com o julgamento de seu príncipe mimado, o Regente permanecia com uma expressão tranquila, olhando Laurent de cima, sentado no trono que havia sido de seu pai, que deveria ter pertencido ao seu irmão e que agora devia ser seu. O conselho permanecia de pé atrás do trono, Guion substituído por mais um dos fantoches do tio. Herode era o único que demonstrava perturbação e preocupação em seu rosto.
Naturalmente, Laurent foi empurrado para frente pelo guarda, e por pouco não perdeu o equilíbrio. A capa ainda envolta em seu corpo escondia a barriga de quase seis meses de gestação, mas isso não impedia que ele sentisse a criança se mover, amontoando-se do lado esquerdo.
— Príncipe Laurent de Vere. — o Regente disse em voz alta e clara, confortavelmente sentado no trono que não lhe pertencia. — Você tem noção dos crimes dos quais está sendo acusado?
Laurent sentia seus pés latejando, desconfortavelmente apertados dentro das botas, certamente inchados outra vez. Mas ele não ia se ajoelhar e muito menos pedir para se sentar.
— Você quer dizer, além de foder com o assassino do meu irmão e deixa-lo por um bastardo em mim? — Laurent murmurou com seu sorriso mais doce e inocente, o que pareceu chocar os cortesãos, que certamente interpretaram aquilo como uma confirmação dos boatos. — Se bem me lembro tio, foi você que insistiu que eu desse bom uso ao presente de Kastor, o que mudou agora que ele se revelou Damianos de Akielos?
O Regente não vacilou, e Laurent não esperava que o fizesse.
— Você está sendo acusado de conspirar contra o seu próprio povo. — informou. — De se aliar a soldados akielons contra os interesses de Vere. E sim, de gerar uma criança bastarda. Tem ideia da gravidade de seus atos, sobrinho?
Ele acrescentou a ultima parte com uma nota de preocupação, como se as atitudes de Laurent realmente o magoassem, como se ele próprio não tivesse planejado isso tudo.
Laurent sentia a raiva fervilhando dentro de si, mas ele a empurrou para longe, como sempre tentava fazer ao lidar com o tio, especialmente na presença de cortesões.
— Eu me aliei a soldados akielons. — Laurent confessou, arrancando exclamações chocadas do público a suas costas. Teve de levantar a voz para se sobrepor aos ruídos dos sussurros. — No entanto não foi contra os interesses de Vere, e nem conspirei contra o meu povo.
— Ah, sobrinho... — o Regente murmurou como se de fato lamentasse. — Você não tem ideia do que fez. Aquele bárbaro deve ter mexido com sua cabeça, nublado sua mente. Foi um erro deixa-lo levar um akielon, mesmo um escravo, para a cama. Especialmente um alfa. Se ao menos eu tivesse sabido antes de sua designação...
Você sabia. Laurent pensou, com raiva. Sabia, e foi exatamente por isso que o mandou para mim.
Com uma capital cheia de betas não foi difícil esconder sua designação, quando conseguiu acesso a supressores se tornou ainda mais fácil. Ninguém realmente queria que ele fosse um ômega, ninguém queria um ômega no trono. Laurent apenas ajudou-os a acreditarem naquilo que queriam.
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Part of a Piece of You - ABO (Omegaverse)
FanfictionApós sua única noite juntos, Laurent permite que Damen retorne ao seu povo, ficando para trás, sozinho, para lidar com as consequências. Ele só não esperava que o fruto daquela primeira e única noite estivesse crescendo em seu ventre.