Capítulo IX

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— Não. — Damen praticamente rosnou, como não costumava fazer para Laurent. Apesar disso o ômega não recuou.

— Você sabe que não pode ficar. Quanto mais tempo passar em Vere, mais tempo Kastor terá para se estabilizar no trono. Já tem oito meses que ele se proclamou rei de Akielos, mesmo que o seu retorno dos mortos tenha abalado a reivindicação dele, ainda é possível criar raízes.

— Eu sei disso. — Damen bufou em frustração enquanto passava as mãos pelos cabelos, cada vez mais bagunçados. — Eu sei, Laurent. Mas não posso ir agora.

Foi a vez de Laurent bufar com impaciência.

Ele e Damen haviam adiado aquela conversa por muito tempo. Agora Laurent tinha de volta o seu trono, seu tio fora executado por traição, e um novo regente fora escolhido para administrar o país durante alguns meses, até a maioridade de Laurent. As coisas em Vere começavam a entrar nos eixos, especialmente agora que a figura do regente era apenas uma fachada, uma formalidade temporariamente necessária. E apesar de todo o trabalho para ser feito, o príncipe sabia que não podia permitir que Damianos continuasse a perder seu tempo em Vere.

— Damen, eu vou ficar bem. Não restaram mais apoiadores do meu tio na corte, todos o abandonaram quando a traição foi provada. Não há perigo para mim. Mas você ainda não pode dizer o mesmo. Kastor o quer morto. Ele pode não ter tantos apoiadores assim, mas ele tem Ios, tem o trono e tem um herdeiro. Você mesmo não tem muitos apoiadores, a maior parte prefere se abster de ter de escolher um lado, mas se eles sentirem que você não é uma ameaça ao reinado de Kastor, então se aliaram a ele para ganhar sua simpatia.

— Eu sei! — Ele repetiu ansiosamente. — Eu sei de tudo isso Laurent. Nikandros e Makedon me cobram isso a todo tempo, eu não poderia esquecer mesmo que quisesse...

Laurent sabia disso, assim como sabia que ao longo daquelas últimas semanas pacíficas desde a sua retomada de Arles, os ânimos dos homens akielons vinham oscilando. Eles não queriam estar em Vere, ainda que tivessem aparentemente superado as antigas rivalidades graças aos últimos meses de cooperação. Eles se questionavam quando o rei os levaria para casa e pouco a pouco vinham demonstrando alguma impaciência com a falta de novos planos.

E é claro que Nikandros levou isso a Damen.

— Então por que você ainda está aqui?

— Por que eu não posso te deixar!

Laurent vacilou, seu coração disparado enquanto uma certa satisfação egoísta preenchia seu peito.

Damen encarou-o por um momento, mas então suspirou pesadamente e começou a andar em sua direção. Laurent permaneceu sentado em sua cama, encarando-o nos olhos enquanto ele afagava suavemente o cabelo em sua nuca.

Tudo o que Laurent podia sentir através do vínculo era amor e ternura, com apenas uma leve pontada de aflição. Definitivamente não parecia que haviam acabado de ter uma discussão onde o ômega praticamente o mandara embora.

— Eu não posso te deixar assim, Laurent. — Damen murmurou, levando ambas as mãos a sua nuca, os dedos deslizando por seus cabelos. — Se eu partir... Vai levar quase um mês apenas para chegar a Akielos. Depois disso não há como saber em quanto tempo chegaria a Ios, dependeria da resistência ou apoio dos kyros, se eu tiver de abrir caminho à força... Laurent, em três meses você vai ter nosso filho. Não posso leva-lo comigo para uma guerra. Eu prometi a você que estaria em segurança quando chegasse a hora, e você está em segurança aqui. E eu não posso deixa-lo em um momento como este. Eu jamais me perdoaria se não estivesse com você. Não posso deixar que faça isso sozinho. Se algo acontecer, eu...

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