Capítulo 33

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SN.

O silêncio depois da guerra... é diferente de qualquer outro.
Não é um silêncio de paz. É um silêncio pesado. Carregado.
É o tipo de silêncio que vem depois da destruição, quando o mundo entende que não há mais nada a ser dito.

A casa tava um caos. Sangue no chão, móveis destruídos, cheiro de pólvora e morte impregnado em cada canto. E no meio disso tudo... ela.

Sentada no meu colo, no sofá menos destruído da sala. As pernas cruzadas na minha cintura, o rosto escondido no meu pescoço. Como se eu fosse o único lugar seguro do universo.

E talvez eu fosse.

- Eu achei que ia morrer.- ela confessou, voz baixa, arranhando. - Eu achei que eles iam achar a gente...

- Eu sei.- murmurei, apertando mais ela contra mim. - Eu sei, amor. Mas não iam. Eu jamais deixaria.

Passei a mão nos cabelos dela, puxando de leve, só pra ter certeza que ela tava ali, real, viva, respirando.

- A cápsula... eu nem sabia que isso existia aqui.- ela continuou, encarando meu peito. - O quão fundo é esse buraco onde eu me meti, Yoongi?

Sorri de canto. Frio. Triste.

- Mais fundo do que você imagina... - deslizei a mão pela nuca dela. - Mas você não tá sozinha aqui dentro. E eu não vou te deixar afundar.

Ela ergueu o rosto, os olhos ainda marejados, perdidos. E me olhou... daquele jeito. Aquele jeito que desmonta qualquer demônio. Até os meus.

- Eu só quero que você fique. - A voz saiu como um sussurro desesperado. - Só... não me solta, Yoongi. Nunca mais.

Segurei o queixo dela, puxei pra mim. Nossos narizes se encostaram.

- Escuta bem o que eu vou te dizer. - Apertei o maxilar dela de leve. - Você é minha. Desde o primeiro dia. Desde o primeiro olhar. Desde a primeira maldita vez que teu nome cruzou meu caminho.

Rocei os lábios nos dela. Lento. Marcando.

-E eu sou teu. Até o fim. Até o último suspiro.

O beijo que veio depois... não era sobre desejo. Nem sobre sexo.
Era sobre pertencer. Sobre sobreviver. Sobre existir.

Ela segurou meu rosto, me puxou, mordeu meu lábio, como se quisesse ter certeza de que eu tava ali. De que tudo aquilo era real.

E eu deixei. Porque era.

Quando o ar começou a faltar, encostei minha testa na dela, ainda segurando firme sua cintura.

- Você não vai sair de perto de mim.- afirmei. - Agora, onde eu for, você vai. Onde eu estiver, você tá. Entendeu?

Ela assentiu, arfando.

- E... e se eles... - a voz falhou.

Apertei mais forte.

- Eles que tentem. - Beijei sua testa, depois sua bochecha, depois a ponta do nariz. - Eles podem ter dinheiro. Influência. Poder. - Deslizei meu dedo pelo queixo dela, subindo até os lábios. - Mas eu... sou melhor. E por você..eu faço o que for.

Ela sorriu. Pela primeira vez na noite, um sorriso verdadeiro, mesmo com os olhos vermelhos, mesmo com o caos ao redor.

Ficamos assim. Juntos. Abraçados. Como se o mundo lá fora não existisse. Porque, pra mim, de fato... ele não existia.

Só ela.
Sempre ela.

Mas eu sabia que não dava pra ficar assim pra sempre. A guerra não tinha acabado. A gente só ganhou a primeira batalha.

Respirei fundo.

- Vem. - Levantei, segurando sua mão. - A gente tem um plano pra montar.

Ela não largou. Nem eu.
E assim... seguimos.

Juntos. Sempre.

Continua... 

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