Capítulo 01

204 13 35
                                    

Asa de Falcão se aproximava sorrateiramente de um coelho distraído com a refeição, pronto para saltar e agarrar a saborosa presa ao qual levaria com orgulho para seu clã, se camuflando entre as folhas de samambaia, parou ao sentir que estava perto o suficiente, saltando em um piscar de olhos. De repente, sentiu algo cair sobre suas costas, acabando por despertar de seu sonho, erguendo a cabeça atordoado e vendo um gato de pelo negro brilhante caído sobre si, era Rajada de Corvo. Ao se levantar atrapalhado, o mesmo torceu os lábios em um rosnado irritado para uma gata de pelo marrom escuro na entrada da toca, que o lançava um olhar provocativo.

- Cérebro de Rato! Olha o que me fez fazer! - reclamou Rajada de Corvo.

- Você o fez sozinho, não é minha culpa se você se assustou como um filhote - ronronou Casca de Pinheiro, saindo em seguida.

- É comovente ver o quão bem vocês se dão - comentou o guerreiro castanho escuro malhado com sarcasmo, não era novidade as provocações que esses dois se faziam.

- Desculpe por isso, eu ía acordá-lo porque Cauda Branca precisa de você para a patrulha - explicou o guerreiro negro brilhante, se sentando e lambendo os pelos do peito.

Asa de Falcão esticou seu corpo confortavelmente e soltou um longo bocejo, se erguendo sobre suas patas e olhando em volta, vendo que era o único que dormia na toca dos guerreiros. Um leve constrangimento o atingiu, não queria parecer preguiçoso para seu clã, mas a patrulha de ontem a noite o deixou exausto por conta do cheiro fresco de um texugo próximo ao acampamento. Os dois guerreiros saíram da toca em seguida, ao se espremer pela entrada, o calor do sol banhou os pelos do guerreiro castanho escuro malhado, o despertando por completo.

Coração de Gelo e Folha de Macieira compartilhavam línguas sobre uma poça de sol na borda da clareira, Rastro de Carvão pegava um tordo gorducho da pilha de presas, indo o saborear sobre a sombra do berçário ao lado de Pelagem de Mel, que já se servia com um pintassilgo. Estrela Valente conversava com os anciões na entrada da toca dos mesmos, sua expressão era tensa e mal humorada, discutia algo com urgência. A curiosidade pinicava na pele de Asa de Falcão, queria saber o que afligia o líder com tanta tensidade, mas saberia que se ousasse se intrometer na conversa seria severamente expulsado pelas palavras afiadas dos anciões e o olhar penetrante do grande gato branco.

Balançando a cabeça levemente para afastar tal pensamento, o guerreiro castanho escuro malhado se dirigiu até o representante, que conversava com Fúria de Leão e Brilho de Prata. Cauda Branca o notou se aproximar, cumprimentando com um ronronar amigável.

- Acordou da sua hibernação? - brincou o guerreiro dourado malhado o encarando com diversão.

- Não vai se repetir Cauda Branca... - prometeu Asa de Falcão envergonhado.

- É bom mesmo, não quero ser acordada por uma cauda gorda batendo no meu rosto - bufou a guerreira prateada.

- suficiente - miou Cauda Branca calmo - Brilho de Prata liderará a patrulha, você e Fúria de leão irão com ela renovar os marcadores na fronteira com o Clã da Névoa -

- Agora que chegou podemos ir - miou Brilho de Prata ao passar ao seu lado, chicoteando a cauda em seu focinho.

O guerreiro castanho escuro malhado torceu o focinho e a seguiu junto de Fúria de Leão, era evidente que a guerreira prateada o provocaria pelo resto do dia. Os três gatos caminharam rumo a árvore torta ao lado do rio que fazia fronteira com o Clã da Névoa, Asa de Falcão parou em um conjunto de pedras próximo a margem e esguichou seu cheiro ali, tornando o marcador forte novamente. Sua atenção foi levada para o topo da Sequóia Morta no território do clã rival, corvos rodeavam e se empuleravam em seus galhos, o som tenebroso que tais aves emitiam causavam caláfrios ao guerreiro castanho escuro malhado.

Gatos Guerreiros: Presas SombriasOnde histórias criam vida. Descubra agora