Capítulo 02

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Brilho de Prata observava o céu mergulhar nos tons avermelhados lentamente, tendo a brisa do entardecer refrescando seu corpo suavemente, esteve refletindo sobre como seu pai, Estrela valente, que estava tão distraído desde a última assembleia. A expressão no rosto do líder refletia fúria e indignação, assim como o de muitos gatos naquela noite, a história de que Estrela de Brasa fora assassinado pelas raposas ainda era um choque. O antigo líder do Clã da Névoa era jovem e teimoso, ainda havia muito a aprender, mas suas patas trilhavam o caminho de um guerreiro que nunca atacaria sem um bom motivo. Algo não está certo pensou a guerreira prateada decidida, estava determinada a descobrir a verdade.

— Brilho de Prata! Mancha Negra está te chamando! — informou Pegada de Cinzas ao sair da toca da curandeira.

— Deve ser para colher mais favo de mel — bocejou Brilho de Prata, indo para a toca.

O cheiro de ervas amargas e doces invadiu as narinas da guerreira prateada, a brisa suave que vinha da entrada e percorria toda a toca tornava o local fresco e confortável, a salvo do calor do dia à dia. A curandeira já lhe esperava, sentada ao lado de suas ervas com a cauda enrolada ao redor de suas patas, seu olhar era severo e preocupado, certamente algo havia acontecido.

— Obrigada por vir, preciso que leve uma mensagem para Luz da Lua — miou Mancha Negra de imediato.

— Isso é permitido? — perguntou Brilho de Prata surpresa e confusa.

— Apenas quando é absolutamente necessário, e agora é — respondeu a curandeira, balançando a ponta da cauda com urgência. — diga a ele para me encontrar na Pata da Paz amanhã a noite, ele entenderá o porquê —

— Certo, mas eu devo ir sozinha? Vou ter que passar pelo território de um dos clãs vizinhos — apontou a guerreira prateada, temia se encontrar com guerreiros do Clã da Névoa sozinha e não conseguir voltar no mesmo dia se for pelo território do Clã da Geada.

— Ninguém além de você pode saber disso Brilho de Prata — suspirou Mancha Negra. — mas não quero que nada de mal aconteça com você, então leve alguém em que confie muito —

Brilho de Prata acenou com a cabeça e caminhou para fora da toca, pensava em quem deveria levar, observava com cuidado o acampamento. Cauda Branca já estava saindo com uma patrulha, sendo seguido por Presa de Lobo, Flor da Noite e Pelo de Sol. Não havia sinal de seus outros companheiros, apenas Coração de Gelo, Folha de Macieira e Asa de Pardal estavam na clareira, parece que o representante havia mandado outra patrulha. A guerreira prateada suspirou em decepção, pensava em levar Pelagem de Mel ou Rastro de Carvão consigo, sendo seus amigos mais próximos, além de Garra Rápida e Asa de Falcão.

Como se o tivesse chamado, o guerreiro castanho escuro malhado emergiu da toca dos guerreiros, se acomodando ao lado da entrada e dando ao pelo uma limpeza caprichada. Brilho de Prata o observou por um tempo, sempre fora um guerreiro forte e leal, poderia confiar em Asa de Falcão para lhe acompanhar até o Clã do Orvalho e para saber o por quê estão indo lá. Se aproximou do guerreiro castanho escuro malhado calmamente, rapidamente notou, como sempre, a diferença de tamanho entre ambos, atraindo um ronronado divertido de sua garganta, o chamando a atenção.

— O que é engraçado? — perguntou Asa de Falcão confuso, passando a língua sobre os lábios ao terminar de tratar o pelo.

— Você ser tão grande — respondeu Brilho de Prata, tomando uma expressão mais séria, se aproximando mais. — preciso que venha comigo até o território do Clã do Orvalho, é urgente

Clã do Orvalho? Por que? — perguntou o guerreiro castanho escuro malhado se colocando sobre as patas. — Estrela Valente quer que vá lá?

Gatos Guerreiros: Presas SombriasOnde histórias criam vida. Descubra agora