QUATRO

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Jimin mal se lembrava do resto do caminho. Em algum momento nos minutos seguintes, a limusine parara em frente à Biblioteca Bobst.

Jungkook abrira a porta educadamente para ele de novo e entregou-lhe a mochila. Em seguida, encostou os lábios de leve no rosto dele, como se estivesse despedindo-se do própria irmão, e deixou-o parado na calçada em frente ao prédio enorme.

Movimentando-se como se estivesse no piloto automático, de alguma forma ele se viu dentro do prédio, sentado em uma das poltronas confortáveis no local favorito de estudo. Continuando os movimentos automáticos, ele retirou o Mac da mochila e colocou-o sobre a mesa lateral, notando com algum interesse que a mão tremia e que as unhas tinham um leve tom azulado. Ele também sentia um frio nas profundezas do corpo.

Choque, percebeu Jimin. Ele tinha que estar em estado de choque.

Por algum motivo, aquilo o deixou furioso. Sim, ele se sentia como se Jungkook o tivesse despido com aquelas palavras no carro, deixando-o nu e vulnerável. Sim, se ele pensasse demais sobre o significado das últimas palavras dele, provavelmente começaria a correr e gritar. Mas ele não era exatamente uma donzela vitoriana em perigo, não importava a falta da experiência, e recusava-se a permitir que algumas frases explícitas o deixassem descontrolado.

Levantando-se resolutamente, Jimin deixou a mochila sobre a cadeira para guardar o lugar, já que ninguém roubaria um computador tão antigo, e foi até a lanchonete buscar algo quente para beber.

No caminho, ele parou no banheiro. Jogando água morna no rosto em uma tentativa de recuperar o equilíbrio mental, Jimin inadvertidamente viu o reflexo no espelho. O rosto normalmente pálido que o encarava de volta parecia diferente de forma sutil, um pouco mais suave e mais bonito. Os lábios pareciam mais cheios, como se tivessem inchado ligeiramente onde ele os tocara. Os olhos estavam mais brilhantes e as bochechas tinham mais cor do que o normal.

Ele tinha razão, pensou Jimin. Ele estivera extremamente excitado dentro do carro, apenas as palavras dele o deixaram quase à beira de um orgasmo, apesar do choque e do medo. Ele não queria analisar muito a fundo o que aquilo queria dizer. Mesmo agora, conseguia sentir a umidade residual
na cueca e uma sensação latejante bem nas partes íntimas sempre que pensava na conversa dentro da limusine.

Respirando fundo, Jimin endireitou os ombros e saiu do banheiro. A vida sexual dele, em todas as suas manifestações extraterrestres, teria que esperar até que terminasse e entregasse o trabalho da faculdade.

Ele tinha duas prioridades naquele momento: um café extragrande e algumas horas de aproveitamento ininterrupto em frente ao Mac.

* * *

O som da campainha e um grito animado do colega de quarto acordou Jimin doze minutos antes do despertador.

Resmungando, ele rolou o corpo e colocou o travesseiro sobre a cabeça, torcendo para que a fonte do barulho fosse embora e deixasse-o em paz para aproveitar os poucos minutos restantes de sono precioso.

Ele chegara em casa às três horas da manhã, depois de finalmente terminar o maldito trabalho. Infelizmente, tinha uma aula às 9h00 nas segundas-feiras, o que significava que teria menos de cinco horas de sono naquela noite. Mesmo assim, o cérebro cansado se recusou a esquecer os acontecimentos do dia, com sonhos sombrios e eróticos interrompendo o sono. Sonhos em que ele via o rosto dele, sentia o toque dele queimando-lhe a pele, ouvia a voz dele prometendo dor e êxtase.

E, agora, não podia nem mesmo aproveitar alguns momentos de descanso pacífico, pois Taehyung não conseguia conter a empolgação por causa de alguma coisa que chegara ao apartamento.

— Jimin! Jimin! Adivinha só! — Tae estava praticamente cantando ao bater na porta do quarto de Jimin.

— Estou dormindo! — rosnou ele, pela primeira vez na vida sentindo vontade de bater em seu amigo e companheiro de quarto.

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