Cap I

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Por conta de tudo que ocorreu, me senti obrigado a realizar o último desejo de Sir Fênix, meu avô. Ainda me lembro das suas últimas palavras, que não passavam de nada além de sussurros quando ele estava deitado em sua cama  com seu pijama amarelo, usando toda a sua força para que as palavras saíssem de seus lábios, as palavras que formavam seu último desejo, o desejo que foi direcionado a mim. Precisava provar minha eterna lealdade a ele e acabar com o poder do rei, e enfim mostrar para todos a verdadeira forma maléfica de quem realmente é seu grande líder, mostrar para todos que por trás da coroa existe um monstro imundo.

Uma semana após a morte de meu avô, enquanto eu empacotava suas coisas para vender, e assim conseguir um dinheiro, percebi um fundo falso em sua cômoda, como se fosse um "compartimento secreto". Levantei lentamente a parte de cima que servia como cobertura para o que sei lá estava escondido. Quando terminei de abrir a parte de cima, encontrei o que parecia ser um caderno de anotações como qualquer outro. Depois que o peguei nas mãos, percebi que realmente era um caderno normal, mas as informações contidas nele não eram muito comuns de serem vistas.

No momento em que eu comecei a ler, vi desenhos distorcidos e palavras estranhas, algo que eu nunca vira antes, mas pareciam ser informações importantes, e acima de tudo, secretas. Enquanto eu folheava as últimas páginas do pequeno caderno, encontrei um endereço bem peculiar, de um lugar que eu nunca vi antes, "Poções e soluções", esse era o nome do local, que estava escrito com tinta preta no final do caderno, em meio as folhas amareladas antigas. 

                                                                                       .........

Eu não conseguia dormir, não conseguia parar de pensar naquele caderno, naquele endereço, eu não teria paz até saber mais sobre ele. Sempre soube que meu avô escondia segredos de mim e do resto da família, mas este parecia ser profundo e, por algum motivo, importante. Mas não podia falar sobre aquelas anotações com qualquer um, tinha que saber escolher alguém de confiança, com quem eu pudesse compartilhar aquelas grandes e valiosas anotações. Eu só conhecia uma pessoa que saberia me responder....O velho senhor Vicente, um ancião que vivia em nosso reino. Decidi que na manhã seguinte eu iria até lá.

                                                                                   ........

Eu sabia onde ele morava, já tinha o visitado antes com meu avô, quando eu peguei um resfriado muito forte e precisei de algumas plantas - alecrim e gengibre, para amenizar os sintomas. Sua casa ficava abaixo do castelo, - soube que o rei permitiu que ele usasse o subsolo como moradia - em uma região muito bem camuflada por plantas que tampavam levemente a vista da pequena porta de madeira.

 Ninguém podia saber que eu estava indo ver o senhor Vicente. Ele era considerado louco por muitos comerciantes, o que fazia com que ele não fosse bem visto pelo resto da comunidade.

Fui até a casa dele camuflado com uma capa marrom, passando primeiro pela pequena feira de comerciantes locais, depois segui em frente e desci as pequenas escadas abaixo que ficavam ao lado do castelo para chegar até a pequena casa do senhor Vicente.

 Fiquei parado em frente a porta. Escutava apenas o barulho das folhas balançando, o silêncio da casa dele era absoluto, até cheguei a ter a impressão de que a casa estava abandonada. As paredes eram velhas e estavam quase caindo, sem contar que a porta de madeira estava cheia de furos, firme, mas cheia de furos. Bati na porta e esperei alguém abrir, mas não havia nem mesmo sons de passos vindo até a entrada da porta. Quando eu estava erguendo minha mão para bater mais uma vez a pequena maçaneta redonda de cor dourada girou e a porta se abriu, então um pequeno homem corcunda e careca a abriu e deu um passo à frente. 

Os guardas da pedraOnde histórias criam vida. Descubra agora