casa.

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talvez eu solte mais um hoje, depende. cêis querem?

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AUTORA

Maraisa chegou ao hospital desacordada e logo foi atendida. Os médicos de plantão fizeram todos os procedimentos na morena. Enquanto Marília estava ao lado assistindo tudo paralisada e chorando, ela não podia perde-lá.

- Por favor salve minha amiga! – Ela gritava em meio ao choro.

- Tirem-na daqui! – Uma das médicas gritou.

- Não! Eu quero ficar! – Se debate no braço do enfermeiro até se soltar e ir até Maraisa. – Por favor, Isa! Não vá sem mim, eu te imploro! – Pediu passando a mão sobre o rosto dela.

- Okay! Agora tirem-na daqui! – Ordenou mais uma vez a doutora.

“Quando você quer fazer algo assim você não deve pensar, você deve apenas fazer.”

As palavras de Maraisa voltaram à mente da loira que voltou a chorar.

- Deus, se você existe não a deixe morrer, por favor! – Pediu de olhos fechados.

...

Marília estava andando de um lado para o outro esperando informações de Maraisa até que ela vê uma das médicas saindo da sala.

- Precisamos mudar o paciente para... – A médica começa a dizer para a recepcionista e Marília se aproxima.

- Desculpe-me doutora... – Ela começa a dizer. - Um minuto por favor! – Interrompe a médica. - Doutora, como a Maraisa está? Ela deu entrada há pouco. – Questiona e a médica à olha.

- Está bem, nós a salvamos para que ela possa sair e tentar suicídio novamente. – Joga as palavras sem olhar Marília. – Posso perguntar-lhe o que há de errado com ela? Ela teve uma briga com alguém? Perdeu emprego ou foi traída? Deve ser algum motivo estúpido como esse, não é?

- Não fale do que você não sabe! – responde com raiva.

- Então todo problema ela vai querer se suicidar? Vocês jovens não valorizam a vida. – Ficam em silêncio até ela olhar além de Marília. – Olhe aquele homem. – A loira olha para trás e avista um homem numa cadeira de rodas, sendo empurrado pela esposa e em seu colo estava sua filha, rindo. – Ele tem um câncer terminal, sofreu quatro cirurgias e ainda quer viver. Então sua família continua sorrindo. Infelizmente não vamos conseguir salvá-lo. E aquela que salvamos não quer viver. – Ela volta a olhá-la. – O que há de errado com vocês, Jovens? Por que não entendem que quando alguém morre, não morre sozinho?

- Marília abaixa o olhar. – Com licença.

Depois de visitar Maraisa, que dormia profundamente, Marília voltou para casa, tinha que tomar banho, pegar alguma roupa para Isa, e voltar para o hospital. Esperou o dia amanhecer por completo e às nove da manhã a loira retornou ao hospital.

Ao entrar no quarto havia uma enfermeira trocando a medicação e Maraisa ainda dormia. Marília se encostou na porta quando a profissional saiu e ficou observando-a até decidir se aproximar.

Sentou-se na cadeira ao lado de Maraisa e pegou sua mão. Seus olhos foram no pulso da mais nova e viu várias cicatrizes no local.

          Apague todas as suas marcas

- Eu te Prometo que a partir de hoje eu vou cuidar de você, Isa. E nada nem ninguém vai te machucar porque eu não vou deixar. – Marília diz e beija sua testa.

Marília

- Olá, minha pequena! – Digo ao ver Maraisa abrir os olhos.

- Você ficou aqui comigo? – Perguntou surpresa.

- Sim, eu fiquei. Não vou mais sair de perto de você! – Ela me sorri fraco.

- Obrigada! – Me olha.

- Não tem porque agradecer, pequena.

- Por que esse apelido agora?

- Porque você é uma anã. – Ri.

- Você é uma boba, mas eu gostei!

- Isso é bom. – Aliso sua mão. – Mas agora você tem que se alimentar. – Pego um aparelho que estava ao lado da cama e aperto o botão para elevar a cama. Após Maraisa estar devidamente sentada pego o prato que estava na bandeja.

- Você vai me dar sopa na boca? – Me olha com as sobrancelhas arqueadas.

- Claro que sim! Vou cuidar de você. – Ela ri.

– Agora abra a boquinha. Aaaaa... – Ela abre a boca e lhe dou a primeira colherada.

A experiência de quase perder Maraisa foi horrível. Como se uma parte de mim estivesse partindo e agora com ela acordada e ao meu lado eu tinha mais que agradecer.

- Marília! – Ouço a médica me chamar e me aproximo dela que estava com um sorriso no rosto. – Ela está bem. Cuide dela, se cuide e não a deixe fazer isso novamente. – Aperta minha mão. - Obrigada doutora! Garanto que não voltaremos aqui novamente! – Abraço-a.

Tudo muda agora. Porque com Maraisa ao meu lado é como se a vontade de viver viesse à tona.

- Você trouxe minhas roupas? – Sinto ela me balançar. – Está viajando? Estou falando com você há um tempão. – Cruza os braços.

- Desculpe pequena! E sim! Eu trouxe roupas para você. – Lhe entrego a sacola. – Quer ajuda para colocar?

- Nem no meu estado vulnerável você me respeita? – Olho para ela assustada. – Estou brincando Lila, sei que você só quer me ajudar. – Reviro os olhos com o apelido.

- Então, vai precisar de mim? – Ela nega.

– Vou ficar aqui te esperando, tá? – Ela afirma e entra no banheiro.

...

Aceno para um táxi e quando vou chamar Maraisa um cara toma a nossa frente e entra no veículo.

- Hey! Esse é o nosso! – Grito.

- Desculpa! Eu estou muito atrasado. – Ele responde e se vai com o carro.

- Filho de uma mãe! – Aceno para outro, mas Maraisa segura meu braço e diz:

- Vamos caminhando, Lila. – E assim fizemos.

Fomos andando até chegar num parque onde várias crianças brincavam com seus personagens favoritos, Papai Noel, Batman, Superman e vários outros.

- Quer sorvete? – Ela nega. – Pipoca? – Nega novamente. Então olho ao redor e vejo a pista de patinação. – Já sei! – Me olha. – Vamos patinar? – Ela levanta as sobrancelhas.

- Não quero. – Abaixa a cabeça.

- Okay! Mas eu vou! – Corro para alugar um par de patins e sigo para pista de gelo. Logo de cara levo um tombo e vou ao chão, Maraisa ria de mim e a acompanhei.

- Lila, vamos embora! – Ela fala alto de onde estava.

- Só mais um pouco? – Pergunto ao meu aproximar.

- Não criança, temos que ir. Eu quero descansar. – No mesmo instante vou até o local onde tinha pego o patins e devolvo.

- Vamos para casa! Falo animada

- Isso, para casa. – Ela sussurra.

Seguimos caminhando vez ou outra trocávamos conversas e risos. Ao chegarmos perto do apartamento vejo o grande painel onde tem os dias que faltam para o dia trinta e um de dezembro.

           15 dias, 07 horas, 29 minutos e 34 segundos.

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uma vida em vinte dias.Onde histórias criam vida. Descubra agora