devo lhe empurrar?

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No trem em que me encontro, dois homens conversavam sobre suas empresas, falando que seus negócios estavam melhor que o esperado... Enquanto eu, bom, eu tinha levado minha empresa para o buraco.

          Flashback On

- Marília! Marília! - Gustavo, meu irmão chamou minha atenção ao se aproximar.

- Recebi um telefonema do banco. O nosso empréstimo foi sancionado.

- Sim, nós estamos comprando a Empresa
Siderúrgica Ellen. - Sorri vitoriosa.

- O que?! - Henrique pergunta surpreso. - Por quê?

- É um pequeno empréstimo, algo entre 1 e 10 milhões de dólares. - Respondo olhando para eles que continuam calados.

- Gente, a Siderúrgica Ellen é uma empresa morta. Nós vamos fazer nossos clientes investirem dinheiro nela. - Me sento melhor na cadeira. - O que irá aumentar o valor das ações. E se o valor das ações sobe... - Jogo uma bolinha amarela que tinha em minha mesa para o Henrique. - Então o lucro sobe. - Ri.

- Não, não, isso não é trabalho nosso. - Gus volta dizer nervoso. - Tomar empréstimos não é o que fazemos, Marília!
- Reviro os olhos me levanto da cadeira.

- Relaxa, Gustavo!

          Flashback Off

As portas do trem se abrem e sigo para fora da estação, passo pelas ruas que estavam enfeitadas por conta das festas de fim de ano. A neve caía deixando tudo ainda mais triste, pelo menos para mim.

  - Senhora pode me ajudar com alguns trocados? - Um morador de rua me pergunta.

Paro à sua frente, abro minha bolsa e retiro minha carteira sem ligar para quanto tinha, coloquei a mesma na caixa que ele tinha erguido em minha direção para receber os trocados. Continuei a andar pelas ruas, vi pessoas cantando músicas de natal, famílias passeando com seus filhos e namorados e namoradas. Parei de andar quando cheguei frente ao mar da grande ponte de Washington, ouço meu celular tocar e lembranças do meu fracasso voltam a minha mente.

          Flashback On

- Eu não sou responsável por esse prejuízo, Sr Lee. Senhor, não levante a voz para mim. - Falava ao telefone com um dos acionistas da empresa.

- O que aconteceu quando você fez 150% de lucro ano passado? - Mais uma vez ele berrou em meu ouvido.

- Tudo bem, eu não preciso de você para fazer negócios. Sobreviverei a isso.

Desliguei o telefone e olhei para as telas onde monitorávamos o desempenho da empresa, a queda tinha sido feia e com os números que vi não nos reergueríamos tão cedo.
- Marília! - Henrique me chama.
- O mercado desabou. Acabou, Marília. Isso aconteceu muito rápido. - Soltou as palavras sobre mim. - O Gustavo quer falar com você.

Me levantei e segui para sala do meu irmão, ao entrar o vejo de frente para a janela da sua sala.

- Mandou me chamar? - Rique entra na sala comigo e então ele diz.

- Recebi outro telefonema do banco. - Ele diz baixo.

- Sim, nós vamos devolver o empréstimo. - Olho para ele que ainda se encontrava de costas para mim.

- Eles não vão perder o seu dinheiro.

- Por que você fez isso? - Me pergunta com a voz meio embargada.

- Ouçam, todos vocês sabiam que eu estava fazendo o empréstimo.

- Isto é mentira. - Sussurra. - Você pegou nossas assinaturas para o empréstimo dizendo que seria um milhão de dólares. - Ele me olha, estava com os olhos vermelhos provavelmente havia chorado.
- E fez um empréstimo de 12 milhões.

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