CAPÍTULO XI - GUARDE SUAS LÁGRIMAS

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"Eu tive um dia terrível". Nós dizemos isso o tempo todo, quase como um mantra pessoal para quando, de repente, tudo parece dar errado. Talvez seja por uma discussão com chefe, ou por uma crítica em algum projeto relevante, por aquela dor de cabeça causada pelo estresse, e até mesmo por conta de um engarrafamento que te faz chegar atrasado para um compromisso importante. Nunca poderemos prever o motivo, mas é isso o que descrevemos como terrível, quando nada de terrível está realmente acontecendo.

Embora gostemos de encontrar refúgio em tal frase, quando algo realmente terrível acontece, nós rapidamente sentimos falta dos pequenos horrores. O café quente espirrado na roupa, a calha entupida, a cozinha completamente inundada... Essas são as coisas que imploramos para acontecer. Parece fácil agora, não é mesmo?!


POV - Sakura

Naquela noite, Itachi me levou para casa. Eu estava péssima. Sentia uma dor quase física me corroer por dentro. Então, depois de tudo, eu não dificultei ainda mais as coisas. Eu fiquei parada na sua frente enquanto as lágrimas escorriam, que era para ele enxergar o quão mal eu estava me sentindo.

_ Eu sinto muito por hoje... - Falou, se sentando ao meu lado na escadaria do prédio. _ Juro que eu não queria que as coisas terminassem assim, mas o Sasori insistiu em ir naquela cafeteria e...

_ Tudo bem, eu sei que a culpa não foi sua... - Falei, tentando limpar as lágrimas que ainda insistiam em cair.

_ Você vai ficar bem?! - Colocou o braço sobre o meu ombro em um sinal singelo de proteção.

_ Eu sempre fico bem... - Respondi, sorrindo fraco. _ Antes foi difícil, mas agora tenho pessoas do meu lado que podem me ajudar.

_ Eu queria que você tivesse me deixado ajudar naquela época... - Murmurou, olhando para a rua pouco movimentada. _ Quando você foi embora, eu me senti péssimo. Como se eu tivesse falhado com você... E com ele.

_ Você não poderia fazer nada a respeito. - Apertei a sua mão com carinho.

_ Mas eu prometi para ele que cuidaria de você. - Itachi me olhou de soslaio. _ E ele nunca me perdoou por não ter cumprido com essa promessa.

_ Itachi, o que aconteceu com ele? - Perguntei, tentando demonstrar um interesse ocasional.

_ Ninguém sabe... - Respondeu, com uma risada irônica. _ Os médicos acham que foi causado pelo estresse extremo ou por algum trauma, mas ninguém consegue afirmar nada.

Depois de alguns segundos em silêncio, eu recostei a minha cabeça em seu ombro, como fazia naquela época, quando Sasuke e eu brigávamos.

_ Acha que ele vai me procurar? - Perguntei, com certo temor.

_ É, eu acho sim... - Respondeu.

_ Sabe, eu senti muito a sua falta... - Olhei nos olhos do mais velho, sorrindo.

_ Eu também senti a sua, mas você fugiu de mim. - Sorriu, recostando a cabeça sobre a minha.

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Quando Itachi decidiu ir embora, eu subi as escadas, indo direto para o meu apartamento. Abri a porta, notando pela escuridão, que ele estava vazio. Tirei os sapatos, o casaco e fui direto para o chuveiro. Tomei uma ducha demorada, daquelas que lavam a alma. Precisava tirar o aspecto pesado do meu corpo. Tirar aquela vaga sensação de angústia misturada ao falso desapego emocional.

Quando terminei, fechei o registo, mas continuei olhando para os azulejos coloridos e lembrando da expressão perdida de Sasuke. Ele estava tão diferente de quando o vi pela última vez. Não falo da fisionomia, era natural que fossemos mudar com a idade, mas ele parecia infeliz, talvez até um pouco sombrio por dentro. Constantemente me vem as lembranças dos seus sorrisos, mas depois do que vi hoje, sinto que aquele Sasuke se perdeu no passado das minhas memórias.

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