Capítulo XII - A HISTÓRIA NUNCA TERMINA

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POV - Deidara

Amanheceu, frio e vazio. Do lado de fora, a chuva tinha se transformado em neve e as pequenas luzes presas aos galhos das árvores indicavam que o Natal já havia chegado. Faltava pouco mais de uma semana para uma das datas mais marcantes do ano. Talvez fosse o meu apego emocional ou a insistência em mascará-lo, mas eu já não me importava tanto com o Natal, quanto gostaria.

Sem ânimo, me contraí um pouco mais entre as cobertas, pois sentia que Hidan estava sentado naquela maldita poltrona, e no momento em que resolvesse encará-lo, as coisas voltariam a ser estranhamente desconfortáveis. Então, permaneci naquela defensiva e humilhante posição, ansiando para que em algum momento ele precisasse de mim.

O que não aconteceu... É claro.

Amanheceu e tudo voltou ao normal. Eu me tornei o aluno problemático e ele o professor prestativo. Nada mais. Nada além.

Depois de muito tempo remoendo as lembranças da noite passada, eu me virei na esperança de confrontá-lo. Talvez ele devesse ouvir algumas verdades. Nunca se sabe o quanto do outro restou em você...
Mas foi instantâneo. No momento em que olhei o seu corpo ainda adormecido sobre o sofá, eu amoleci. A posição nitidamente desconfortável, o respirar suavemente relaxado e as mãos ainda segurando o maldito livro com título presunçoso, me deixaram quase boquiaberto.

Ele era lindo.

Eu sei que já tinha reparado em sua beleza antes, mas nunca nos detalhes únicos que faziam toda e completa diferença. Como a delicada pinta embaixo dos olhos ou a pequena cicatriz próxima ao queixo... Assim, é claro, como os lábios rosados ou os cílios translúcidos...

Embora o momento estivesse perfeito, Hidan começou a despertar, como se sentisse os meus olhos sobre si. Eu corei e tentei disfarçar, mas era claro que eu estava observando-o dormir. Tão claro que ele sorriu.

_ Dormiu bem? - Perguntou, se ajeitando sobre o estofado.

_ Pelo jeito melhor do que você... - Respondi, vendo as suas caretas ao estalar o pescoço.

_ Bom, como professor, eu já estou acostumado a dormir em lugares desconfortáveis... - Informou, se levantando.

_ Será que vai demorar para alguém aparecer e me dar alta? - Olhei para a porta, ansioso para que uma enfermeira entrasse e me deixasse sair daquele lugar.

_ Quer tanto assim se livrar de mim?! - Ele rebateu de forma imatura.

_ Eu ainda não descobri o que eu quero. - Falei, encarando os machucados pelas minhas mãos.

_ Então, me deixa te levar para casa e cuidar de você... - Deu alguns passos na minha direção, porém, eu recuei o corpo.

_ Mas eu sei que depois de tudo o que aconteceu, preciso ficar sozinho. - Vi o sorriso alheio desaparecer e me prendi ao seu olhar vazio.

_ Não tem que fazer isso. - Falou, com a voz receosa.

_ Eu vou ligar para a Sakura e ela vai me levar para casa... - Desviei o meu olhar, fitando os seus sapatos. _ Você já pode ir. Obrigado.

_ Foi pelo que aconteceu?! - Perguntou cuidadosamente. _ Eu... Eu não queria ter falado daquela forma e...

_ Não, não foi pelo que aconteceu... - Cerrei os olhos. _ É que no fundo você está idealizando demais...

_ Idealizando?! Você acha que eu espero alguma coisa além do que você é?! - Questionou, franzindo o cenho.

_ O que eu sei é que no final ambos vamos nos decepcionar. Então, vai embora!! - Apontei para a porta.

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