CAPÍTULO XIII - NÃO HÁ COMO NEGAR...

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POV - Deidara

Eram quase oito horas da noite, quando acordei suado e trêmulo por mais um dos muitos pesadelos que eu sequer conseguia lembrar. A neve caía forte do lado de fora da janela, da mesma forma que as lágrimas escorriam incansavelmente dos meus olhos.

Passei os dedos sobre as linhas d'água, secando-as e peguei o copo sobre o móvel de cabeceira. Bebi a água, desejando insaciavelmente que fosse um copo de whisky. Talvez assim os meus demônios se aquietassem. Estavam cada dia mais barulhentos e isso se tornava incômodo.

Meio aos meus devaneios, ouvi o sonoro som da campainha e me levantei a contragosto, seguindo em direção a sala para atender quem quer que fosse. Inicialmente, eu imaginei que fosse Naruto, já que Sakura ainda estava no trabalho. Apesar de que o loiro sempre me ligava, quando se tratava de uma visita... Ou pelo menos passou a ligar, depois que foi recebido por um cara pelado usando orelhas de gato.

Joguei tais pensamentos para longe e abri a porta dando de cara com um homem de cabelos negros, orbes escuras e cicatriz. Sim, era Obito. Ele me encarava apreensivo, enquanto eu estava beirando o pavor de que ele tentasse qualquer coisa contra a minha vida...

_ O que você quer aqui?! - Falei com repulsa. _ Veio se certificar de terminar o serviço?!

_ Claro que não. Eu precisava saber que você estava bem. - Ele disse, fingindo preocupação ao se aproximar da porta, mas eu barrei a sua entrada. _ O que é?! Você não vai me deixar entrar?!

_ Eu não quero mais isso, Obito... - Falei com a voz falha de um medo quase corrosivo. _ Na verdade, eu prefiro que você vá embora.

_ Não pode fazer isso!! - Exclamou, batendo com a mão na parede ao meu lado, fazendo-me saltar sobre os calcanhares. _ Eu não queria ter causado aquilo, Deidara. Mas você me fez perder a cabeça como sempre faz... Como...

_ Vai embora daqui ou eu vou chamar a polícia... - Eu sentia todo o meu corpo tremer como se fosse desmaiar a qualquer segundo.

_ Não, tudo bem. Eu vou... - Disse com o tom de voz calmo, denotando o passivo-agressivo que ele fazia tão bem. Obito tinha sérios problemas com mudanças abruptas de humor e era assustador. _ Mas me diz, o que você vai fazer sem mim, ein?! Acha que algum outro idiota vai querer comer um viado problemático como você?!

_ Eu só quero que você vá embora... - Não aguentei as suas palavras e chorei. O que foi apenas uma grande brecha para que ele sorrisse de canto, mostrando que estava conseguindo destruir o meu psicológico.

E então, ele deu de ombros, saindo em direção ao elevador. Esperei que ele entrasse na maldita cabine de aço, desejando que ela caísse os 16 andares com ele dentro. E quando finalmente as portas do elevador se fecharam, eu bati a minha com uma força quase desumana, trancando-a por completo e deslizando com as costas até o chão. Você percebe que chegou ao seu limite, quando dói tanto que você não consegue respirar.

Eu estava sem fôlego. Não conseguia encher os pulmões e senti-me cada vez mais distante da realidade. Abracei os joelhos, sentado no carpete e me debulhei em um choro alto e sôfrego. Queria esvaziar a minha alma e o pior é que eu não tinha ninguém pra me abraçar e dizer que tudo ia ficar bem. Que pela manhã, seria um novo dia. Que eu não precisava me ver como o Obito me via.

Não tinha ninguém... Apenas eu em um apartamento completamente vazio.

POV - Sakura

A ficha parecia não cair e Sasuke ainda estava bem ali na minha frente. Parado com uma típica estátua em sua postura militar. Agora, olhando-o de perto, era possível notar algumas cicatrizes em seu rosto, as muitas olheiras, o cabelo cortado de forma relaxada e o semblante vazio.

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