Asas

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Que ironia, aprendi a voar quando te entreguei as minhas asas, quando fechei os olhos e saltei daquele prédio que chegava às nuvens e não se vê o chão, fechei os olhos, dei um passo para a frente, sorri. Uma queda da gravidade, mesmo tendo os olhos fechados sentia o meu corpo a ganhar velocidade. O vento corta-me a pele de tanta velocidade, de repente percebi que perto do fim não tinha mais problemas, receios, ou medos de alguém partir por minha culpa. As asas não fazem parte de mim, por mais que me dessem liberdade sentir-me preso por algum motivo. Preciso de uma razão pra viver antes de chegar ao chão, preciso que as asas me aparem a queda. A vontade de viver deveria nem existir, nunca pedi para estar aqui, para conhecer todos os que me fizeram sofrer um dia. Outrora, noutra vida fui alguém melhor, fui nobre, gentil e sorridente, espero ter sido. Vivo com a dor atormentando os meus pensamentos, tenho vontade de dormir, e quando estou prestes a dormir o meu corpo desperta sem motivo aparente. Ainda estou em queda livre. Não sei quando vai acabar. Quem diria que a vista da Lua seria a última coisa que vou ver.
Tenho medo que o suporte que me segura quebre, que toda a água mantida intacta no meu corpo saia e que a caixa de sapatos que guarda os sentimentos ruins se abra de novo.
A queda esta a chegar ao fim. O motivo para eu viver é...
Espero ter forças por mais um tempo, antes que o tempo me alcance, vou seguir sorrindo mesmo sem motivo.
Asas ajudem-me a não cair mais uma vez.

Sofrer, viver, realizarOnde histórias criam vida. Descubra agora