Capítulo: Music To Watch Boys I - 5

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‧࣭․👑՚͓⋆
Krystian P.O.V
3:20 AM

Acordei com o som do meu próprio gritos que ecoava pelo quarto. E também por Lucy, que me chacoalhava nervosa sem parar enquanto chamava meu nome.

Em instantes quando me dei conta que o pesadelo havia acabado, todo o ar dos meus pulmões parecia se extinguir. Como se o ar ao meu redor estivesse sendo roubado pouco a pouco de mim, como se o fogo do pesadelo estivesse me consumindo. Queimando. Pele, ossos.

Talvez eu não havia realmente acordado, talvez ainda fosse um pesadelo e quando eu acordasse, tudo estaria bem.

O desespero pareceu triplicar quando senti a minha respiração se tornar mais e mais lenta, lenta o suficiente para eu começar a travar uma lutar em busca de ar. Meu mundo pareceu girar quando me dei conta que não era um pesadelo. Eu não estava dormindo.

As lágrimas desciam de maneira incontrolável e pude sentir as mãos de Lucy tentando conter algumas delas.

Eu estava sufocando. Sufocando no medo de algo que nem eu mesmo sabia o que era.

Como se eu estivesse amarrado a um saco de pedras. Me impossibilitando de nadar e respirar. Me puxando cada vez mais para baixo.

Senti o toque gelado das minhas próprias mãos quando levei elas ao rosto.

Eu precisava sair daquela tortura, precisava respirar, ficar bem. Antes que alguém me visse. Antes que me mandassem embora e que me enxotassem porta afora.

Pude ouvir uma voz diferente no quarto chamar meu nome baixinho.

Aquilo foi o suficiente para que eu tirrasse forças de algum lugar dentro de mim para focar em outra coisa além do medo.

Vaguei meus olhos em busca da voz. Aquela voz diferente, familiar. Que eu agora ouvia chamar meu nome.

E não demorei muito para encontrar ela.

Talvez um dos guardas que protegia meu quarto. Agora, perto o suficiente para que mesmo meus olhos turvos pelas lágrimas pudesse o ver.

Ele me encarava. Enquanto tentava gesticular algo para Lucy.

Pude ouvir um "ele está bem?" saindo dos seus lábios e em seguida o ouvi se oferecer para me levar até a enfermaria.

Aos poucos tudo estranhamente parecia voltar, incluindo a minha respiração sufocante. Senti minhas mãos que tremiam começarem a se acalmar. E foi o suficiente para que eu conseguisse formular ao menos uma frase que saiu quase em sussurros.

- Não, estou bem.

Em seguida pssei longos minutos sentado na cama tentando me manter calmo. Enquanto ele e Lucy insistiam para me levar a enfermaria.

Um pesadelo. Foi apenas um pesadelo. Estou bem... Estou bem... repeti para mim mesmo e para eles.

Enxuguei o suor frio em minha testa e levantei da cama com o resto de força de vontade que me sobrara.

- Estou bem. - tentei sorrir. -, Não precisa se preocupar.

A minha cabeça agora parecia latejar tanto que a cada vez que eu tentava abrir a boca para falar algo, ela começava a doer cada vez mais.

Eu não estava bem. Simplesmente não estava. E eu me odiava por isso.

Eu não tinha duvidas que talvez eu precisaria de mais um daqueles remédios para dor de cabeça. Odiava ter que tomá-los, me davam a sensação de que eu estaria me matando aos poucos.

O que de certa forma não era mentira.

Francamente, acordando como uma criança assustada? De novo...

- Tem certeza, Krystian? - ela ajeita o pijama. -, Quer um pouco de água? Você parece péssimo.

- Não, não precisa... Pode voltar a dormir, Lucy. - sorri para ela e em passos lentos caminhei até o guarda roupa. -, Estou bem, foi só um pesadelo. Vou buscar um remédio para dor de cabeça e tudo isso vai passar.

Peguei um dos casacos. Meus olhos vagaram para o guarda, que agora saia do quarto em silêncio.

- Vou com você. - Lucy fala apressadamente.

- Não precisa. - digo.

Eu precisava de um pouco de ar, eu precisava sair daqui mesmo que fosse apenas para a sacada ou para pegar o remédio. Rezei para que ela entendesse isso.

- Certo... - ela se senta na cama. -, Se precisar de mim, não hesite em me chamar, ok?

- Certo. - falei da forma mais confiante que eu poderia falar. Não queria a deixar preocupada e a fazer me seguir.

Vesti o casaco e andei o mais rápido que consegui para fora do quarto. Não me importei pelo fato de estar de pijama as três da manhã em um palácio recheado de câmeras. Câmeras...

Joguei aqueles pensamentos para o lado mais escuro da minha cabeça e caminhei mais uma vez por aqueles frios corredores.

The Five - NoshOnde histórias criam vida. Descubra agora