Capítulo: Love Drought I - 7

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‧࣭․👑՚͓⋆
Noah P.O.V

Duas longas semanas se passaram e eu não conseguia parar de pensar na conversa com Krystian. Até mesmo quando eu estava em tribunais, palanques, sala de aula, refeitórios ou qualquer uma das minhas tarefas diárias. Agora mais, quando a única coisa que eu conseguia de Josh era apenas sorrisos, mãos na orelha negadas e poucas visitas que eram justificadas com "muito trabalho".

A voz aguda e ao mesmo tempo grave de Gavril interrompe meus pensamentos tristes quando ele dirige a pergunta a mim. Em meio ao debate dos Selecionados no programa para toda Illéa.

Engoli em seco tentando me recompor.

- Então, senhor Urrea, você acha que aumentar a quantidade de recrutas é uma boa idéia? - pergunta ele. -, Como foi proposto por um dos Selecionados.

Mesmo sem estar tão a par do assunto, aquela idéia revirava meu estômago. E me enchia de ódio. Porque vinha de alguém que nunca passou pelo medo de perder o emprego e acabar numa trincheira. Medo de ser convocado a qualquer momento, sem ter a mínima escolha.

Agradeci por todas as noites de estudo para os relatórios e por ter prestado atenção o suficiente no tema do debate e na sugestões. E de maneira mais seria que consegui, resolvi encarar Bailey. Descontaria todo o meu ódio ali. De qualquer forma que fosse.

Respirei fundo.

- Não acho. Discordo completamente do senhor Bailey. - respondi voltando meu olhar para Gavril, evitando o olhar venenoso e de raiva que Bailey lançara contra mim.

Os animos no estúdio cessaram e as enormes câmeras voltaram a atenção a nós dois, não mais só a ele.

Senti que ele seria capaz de voar em meu pescoço nesse momento, por apenas ser contrariado. Mas isso não era um debate? Iriamos debater.

- Gente que é Dois pode pagar para fugir do recrutamento. - Voltei ao encarar. -, Assim, estou certo de que o senhor Bailey, nunca viu o que acontece com as famílias que cedem seus únicos filhos homens.

Senti todos os olhares do estúdio focarem em outra guerra, agora silênciosa, que se formara instantaneamente entre mim e Bailey. Qual eu encarava sem se quer piscar.

Enquanto ele bufava, mas tentando não perder a classe, continuei a falar.

- Recrutar mais seria um desastre, principalmente para as castas inferiores, que costumam ter famílias maiores e precisam do trabalho de cada um deles para sobreviver. - digo

Ele emitiu um estalo com a língua e semicerrou os olhos.

- Bom, o que deveríamos fazer? Com certeza você não acha que devemos nos sentar e deixar a guerra se arrastar? - ele diz de maneira ríspida, de modo que ouço alguns cochichos em concordância.

Procurei no fundo da minha cabeça algum argumento que fosse o suficiente para não passar vergonha em rede nacional. E quando estava prestes a desistir, uma luz acendeu em minha mente. E agradeci a todos os deuses existentes por isso.

- Por quê não voluntário? - digo para ninguém em específico.

Senti os olhares em peso do estúdio caírem sobre mim. E eu agora provavelmente estava parecendo um pimentão. Bailey ri baixinho, como se fosse a idéia mais absurda que eu já havia tido. Meu orgulho não deixaria barato e antes que ele falasse algo ou que os cochichos se alastrassem, falei primeiro.

- Talvez conseguíssemos mais com um exército de homens que querem ser soldados do que com garotos cujo único desejo é sobreviver e retornar para a sua vida normal, que deixaram para trás... -, Suspirei baixinho, conforme lancei meu último argumento. O rei e a rainha me encararam e senti o meu corpo gelar conforme o silêncio se instalara. Eu havia falado algo errado? Em resposta, Bailey também não disse nada. Comemorando a idéia talvez absurda que havia tido e a vergonha que eu estava passando. Depois de segundos em meio a expressões confusas e silêncios ensurdecedores, uma única voz preencheu o estúdio.

The Five - NoshOnde histórias criam vida. Descubra agora