PRÓLOGO

132 12 6
                                    

Os dedos de Jungkook já estavam vermelhos e inchados de tanto apertar as cordas do violão. Os acordes de Something ora saíam, ora pareciam um grasnar do instrumento. Ele praticava em qualquer tempo livre que surgia e tentava segurar a ansiedade por não estar melhorando tão rápido quanto esperava. Naquele caso, o tempo era crucial para o sucesso do plano que tinha em mente.

A campainha estridente do apartamento soou. Ele levantou-se bufando, torcendo para que não fosse Hobi convidando-o para fazerem algo juntos ou pedindo carona para algum lugar. Prometeu a si mesmo — de novo — que ia trocar aquela coisa o mais rápido possível.

Mais irritante do que o som era a pessoa que estava plantada à sua porta.

— O que você quer? — ele perguntou, não se importando com o tom claramente rude de sua voz.

— Precisamos conversar. Quer dizer... — ela gesticulou com as mãos de forma impaciente, nervosa. — Eu preciso falar.

A garota entrou voando em seu apartamento, sem ao menos ter sido convidada para tal. Mesmo não sendo a primeira vez, Jungkook ainda ficava indignado com aquela atitude. Ele realmente não a queria ali.

— Quantas vezes preciso dizer que eu não quero você entrando desse jeito? — ele fechou a porta, falando entredentes. — Aliás, eu não quero nem que você chegue perto da minha porta. Já conversamos sobre isso, lembra?

— Eu sei, eu sei. — ela não estava prestando atenção. Procurava algo na geladeira, até tirar de lá uma garrafa grande de soju e um copo que foi preenchido pelo líquido rapidamente.

— Eu vou ter que reclamar da portaria deste prédio, com certeza... — ele murmurou, encarando feio a garota.

— Eles não sabem que eu entrei. — ela deu um grande gole, fazendo a careta que sempre fazia. Três meses ainda não era tempo suficiente para se acostumar à bebida diferente.

— Ótimo, isso só deixa claro o quanto a segurança disso aqui é uma porcaria. — ele bufou, apoiando as palmas das mãos na superfície da bancada, claramente irritado. — O que você quer, Liza?

Ela largou o copo, ainda pela metade, em cima do tampo de mármore. Parecia prestes a falar, mas escolhia com cuidado as palavras.

— Jaehyun me chamou para sair. — ela respondeu, encolhendo os ombros.

Jungkook não demonstrou nenhuma expressão significativa. Ela continuou em silêncio e ele arqueou as sobrancelhas.

— E? — ele fez um sinal para que ela continuasse. — Não entendi, você quer que eu te dê parabéns? Apesar do mérito não ser todo seu.

— E aí que eu não posso fazer isso, Jungkook. — ela pegou o copo e andou de volta até a sala, começando lá uma caminhada em semicírculos.

— Que papo é esse? Isso é exatamente o que você queria.

— Eu quero! E aceitei na mesma hora, no automático. Mas, caramba, agora que a ficha caiu, eu realmente não posso fazer isso.

— O que você está falando, garota? — Jungkook a olhou como se estivesse realmente louca. Afinal, o cara por quem ela era apaixonada há pelo menos três meses havia finalmente tomado a atitude que ela tanto queria. — É sério, Liza, hoje não é um bom dia para você não ser direta.

— Eu vou decepcioná-lo, Jungkook! Eu vou ser um fracasso no primeiro e último encontro da minha vida.

A garota andava de um lado para outro, agitada. Jungkook xingou baixo em sua língua materna para que não ficasse tão evidente o quanto ele queria que ela fosse embora. Havia prometido que seria legal – até onde desse.

Focus of my blur: filme IOnde histórias criam vida. Descubra agora