Capítulo 12 - Despedida

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Narradora

Julie chegou a mandar algumas mensagens para Luke após terem feito as pazes, mas não obteve resposta. Esperou por um longo tempo e acabou pegando no sono. No sofá e com o celular na mão. A noite foi tranquila, acordou de madrugada ao escutar o aparelho caindo no chão e, com o pescoço dolorido pela posição que se encontrava, levantou e foi até sua cama. Logo após deitar sua cabecinha no travesseiro, um pesadelo toma conta da sua mente.

Sempre que atravessa a rua do prédio, é atingida por um piano. Porém, a cacheada não morre. Ela volta para sua cama e é acordada por Alex cantando a mesma música. É como se nada tivesse acontecido. Depois de umas cinco vezes, decidiu tentar desviar do instrumento. Em relação ao piano, deu certo...mas outros desastres aconteceram para Molina continuar revivendo o mesmo dia. A programadora implorava, dentro do pesadelo, para sair dessa situação. Quer voltar para o mundo real e não tem ideia de como fazer isso.

Julie não sabe, mas pede socorro gritando enquanto dorme. Para sua sorte, ela e Alex trocaram chaves reservas semanas atrás e o rapaz entrou no quarto desesperado tentando acordá-la. O vizinho a chamou diversas vezes e sacudiu seu corpo, mas nada parece ser o suficiente para tirar Molina do pesadelo. Foi então que o loiro encheu um balde de água fria e jogou em cima da cacheada, que acordou em um pulo. Assim que viu Mercer, o abraçou agradecendo sem parar. Após o rapaz preparar o café da manhã da amiga, ela contou sobre o pesadelo. Alex tentou tranquilizá-la, mas nada tira da cabeça de Julie que isso é um sinal de que algo ruim vai acontecer durante o dia.

Antes de ir para a Spark In Tech, passou na casa dos seus pais. As visitas de ambos os filhos de Ray e Rose se tornaram mais frequentes. Sabem que a mãe não tem muitos dias de vida e querem aproveitar cada segundo livre com ela. Hoje, apenas a cacheada marcou presença. Nathan e Carrie precisaram ir ao médico fazer os exames de rotina da grávida. Entrou na casa com sua chave e foi direto para a cozinha, a voz do seu pai conversando com a esposa vem de lá. Ao chegar no local, arregalou os olhos e permaneceu imóvel. Ray foi animado até a filha, lhe deu um abraço e a guiou até a mesa onde Rose está.

- A mamãe... - disse em um tom baixo, quase inaudível. De tão emocionada, nem conseguiu concluir a frase.

- Hoje é um ótimo dia - o pai gritou feliz sem conter o sorriso - ela acordou mais viva, já conversou bastante comigo usando a buzina. Tentou me falar algo por meio de código morse, mas não entendo muito bem. Ainda cheguei a pesquisar e foi mesmo que nada.

- Oi, mamãe. Pode me contar o que gostaria de falar para o papai?- perguntou de forma carinhosa segurando a mão esquerda da matriarca e fazendo um carinho. Com a direita, a mulher apertou duas vezes a buzina. Isso significa 'sim'.

- Essa brincadeira de conversar por morse sempre foi algo de vocês. Lembro da Rose ensinando e o Nathan desistindo logo no início porque não pegou tão rápido, diferente da minha cacheadinha - aproximou da filha deixando um beijo na cabeça e a entregando papel e caneta - se divirtam lembrando dos velhos tempos enquanto organizo os pratos e copos.

Após uns dois minutos, Rose piscou com força para avisar que havia concluído a frase. Julie analisou o papel e não precisou de muito para notar que errou algumas letras, mas é possível compreender o pedido da sua mãe. Rindo, questionou a mulher. Ray se posicionou de fininho ao lado da programadora e deu uma lida forçando a vista.

- Junta cum Lume? Svdades dili - disse confuso pegando o papel da mão da garota - pensei que tinha aprendido código morse direitinho, sempre esfrega na cara do Nathaniel.

- Gosto de irritar meu irmão e só foram alguns errinhos! Não faço isso há muito tempo - respondeu irritada e foi repreendida por um olhar furioso do pai - desculpa.

Julie's Extraordinary Playlist (Juke - JATP)Onde histórias criam vida. Descubra agora