Capítulo 18

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Os meses passaram rápido, tem estado tudo bem, mas sinto que o José sofre um pouco toda vez que apenas o Edu é parabenizado pelo nosso filho. Ninguém sabe que ele vai ser pai e por mais que ele não fale nada eu sei que isso está lhe custando muito sofrimento.

Quando resolvi embarcar nesse relacionamento eu não pensei nisso, não considerei como seria com uma criança. Não quero que o José sofra desse jeito. E como vai ser de agora em diante? Ele vai ter um filho e nunca vai poder falar pra ninguém, como que isso vai funcionar pra essa criança? Como que esse bebê vai chamar o José? De Pai? Eu não vejo como, não com todo esse segredo.

É nisso que venho pensando nos últimos 6 meses, venho sofrendo em segredo cada vez que presencio seu sofrimento, acho que o Edu também notou, mas nenhum de nós tocou no assunto. Será que eu estou pronta pra revelar ao mundo que amo dois homens? Eu sei bem como as pessoas podem ser e que isso pode impactar muito no emprego deles. No meu, nem tanto, não preciso ficar fechando negócios e etc, meus clientes só querem saber das minhas habilidades no computador, apenas isso.

E ainda por cima tem a licença paternidade que o José não vai ter direito, mas ele tá tentando pegar férias no mês que vem, previsão do meu parto, só não é garantido já que o Edu vai sair também. Eles não querem perder dois bons de uma vez só, mesmo que temporário.

E pra completar, hoje começa o congresso anual da empresa deles. Dessa vez eu insisti pra vir, quero muito ficar 3 dias em um hotel 5 estrelas com acesso ao SPA para massagear os meus pés inchados, mas não é só por isso que eu quero ir, o Edu pode até conseguir passe livre alegando que tem uma esposa grávida em casa, mas o José não e não quero que ele fique lá sozinho e preocupado comigo e com o bebê, não quero que ele se sinta excluído.

Então mesmo contrariando a vontade dos dois, que me queriam em casa de pernas pra cima, aqui estou eu com o meu barrigão na festa de recepção e olha, a viagem foi pior do que eu esperava, senti muita dor na lombar e tive que mudar de posição toda hora.

- Gente, eu vou subir, meus pés e minhas costas estão me matando. Só quero tomar um banho e apagar.

- Tudo bem, vamos com você. - Fala o José

- Vocês não precisam vir, acabamos de chegar.

- Nada disso, vamos andando logo. - Fala o Edu já me conduzindo para o elevador.

E assim eu achei que dormiria a noite todinha, estava tão cansada, mas a verdade é que não preguei o olho e os meninos também não conseguiram, já que eu me mexia por segundo. Tentei convencê-los a dormir no outro quarto, mas eles não saiam do meu pé.

Resultado, pela manhã fomos tomar café destruídos e eles estavam preocupados ao ponto de criarem uma escala para fazer guarda comigo e acompanhar ao evento, sem necessidade disso. E assim passamos o dia, pela manhã o José ficou comigo e pela tarde o Edu. Agora a noite vai ter o jantar e eu resolvi ir, fiquei bem melhor depois da masoterapeuta e do banho quente que tomei no SPA.

Os dois não queriam ir, mas eu insisti, eles precisam relaxar um pouco, estão começando a se preocupar demais e querer correr pro médico sem necessidade nenhuma. Só estou com dor pq tenho uma coisinha fofa na minha barriga, me puxando pra frente e pés de ogro. Nada mais.

Dessa vez o jantar aconteceu na cobertura, com uma vista belíssima e assim que entramos busquei um lugar para sentar e apreciar esse lugar. Tomei logo uma água e senti que fiz bem, os meninos estão melhores realmente, mais leves.

Pelo menos foi o que eu pensei, até sentir a dor mais forte que já tive em toda minha vida, deixar o copo de água cair e soltar um grito que nem eu mesma reconheço como meu. Em dois segundos os meninos estavam me segurando cada um de um lado. Comecei a respirar ofegante e tal de um médico apareceu não sei de onde.

- Vamos levar ela lá pra baixo. - Alguém falou e nesse exato momento eu gritei de novo.

- Nãaaaaaoooooooo. - Eu não podia me mexer, tava doendo, eu senti que ia morrer.

- Eu vou morrer, eu vou morrer.

- Não vai dá tempo, deixa ela aqui. - O tal do médico falou e me deitaram em uma almofada.

- Eu vou morrer - Comecei a repetir isso e o José segurou meu rosto.

- Manu, olha pra mim. Olha pra mim. Você não vai morrer, eu não vou deixar. Tá bem? Você consegue. Estamos aqui contigo.

Ele deu um beijo em minha testa e outro grito veio.

Eu segurava no braço de Edu e no de José, uma mão em cada.

- Que merdaaaa, se eu não morrer eu mato vocês. - Falo e logo vem outro grito.

- Amor, vamos, você consegue e eu tô bem aqui. Respira.

- Eu vou fazer o toque, você vai sentir uma pressão. - O médico fala e uma pressão é o cú dele, aquilo é horrível.

- Tira, tira. Tira ele daí, José, Edu. aaaaaaaaaahhhhhhhhh

- Tá na hora mamãe, na próxima eu quero que você empurre bem forte, tá bom? Seu bebê quer te conhecer.

- Ela só tem 8 meses - Fala o Edu para o médico.

- Tudo bem, 8 meses ta ok e a ambulância está a caminho. Vai dar tudo certo. Respira fundo e empurra quando...

Ele nem terminou e eu já estava gritando e empurrando com todo o resto de força que eu tinha.

- De novo, seu bebê está vindo mamãe.

AAAAAaaaaaaahhhhhh

- Tá indo muito bem, agora respira. Não esquece de respirar. - Os dois palhaços começaram a fazer a respiração de cachorrinho junto comigo pra me incentivar e isso me irrita ainda mais.

AAAAAaaaaaaahhhhhhhhhhhhh

- Já estou vendo a cabecinha, tá quase lá. Já vai acabar. Mais uma

AAAAaaaaaaaaahhhhhhh

- Isso, muito bem. Mais uma.

Aaaaaaaaaaaahhhhhhh

- Só mais uma

Aaaaaahhhhhhhhh

- Mais...

- Se você falar só mais uma de novo eu juro que.... Aaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh

Issooo, nasceu!

Ele fala e logo em seguida escuto o choro do nosso bebê.

- É um lindo menino mamãe.

- Um menino? É um menino. José, Edu, nosso bebê é um menino. - Eu falo virando o rosto pra eles que me beijam e nosso filho é colocado em meu colo. Ele é tão lindo. Meu menino, nosso menino.

E ali, em frente àquela vista maravilhosa e na frente de toda a empresa deles, eu tive o meu filho que já chegou revelando pro mundo que tem dois papais. 

Pelo nosso prazer (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora