Capítulo 15

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O Eduardo não podia vir comigo, ele foi promovido recentemente e tinha uma reunião com um grande cliente na manhã seguinte. Ele até tentou desmarcar, mas ia perder o negócio e prejudicar muito a posição dele na empresa, então o José me acompanhou.

Passei o voo todo chorando em seu ombro, quando cheguei ao Brasil nem lágrimas mais eu tinha, estava seca. Pelo menos foi o que eu pensei, até ver o meu pai no hospital, todo intubado. Nesse momento as lágrimas vieram e eu não sei nem de onde.

O José ficou ao meu lado o tempo inteiro, me forçando a beber água, comer. Ele nos hospedou em um hotel perto do hospital e eu passava o dia todo esperando meu pai acordar. Os dias passam e eu nem percebo. O Edu tá sempre em contato com o José pedindo notícias e sempre tenta me confortar a distância.

Sei que minha família estranhou que eu aparecesse aqui com um amigo alemão e não com o Edu, mas eu nem me importo mais. O José tem sido a minha fortaleza, é no colo dele que eu choro todas as noites e ele quem aperta a minha mão a cada passo que dou dentro desse hospital e é nos braços dele que eu me jogo quando o médico diz que não tem jeito. Morte cerebral. O cordão do capacete estava aberto e com o impacto foi parar bem longe.

O velório é curto, não queremos prolongar o sofrimento da família e amigos, ele não ia querer isso. O José segue sendo a minha fortaleza e não desgruda de mim nem por um segundo, limpa as minhas lágrimas e me segura quando meu corpo enfraquece.

Durmo agarrada ao José, mas acordo no colo do Edu e quase não acredito que ele tá aqui.

- Edu?

- Oi meu amor, me perdoa. O voo atrasou e eu só cheguei na madrugada, queria ter estado aqui contigo.

- Não tem problema, o importante é que você ta aqui agora - Falo beijando-o e me agarrando ainda mais nele - E o José?

- No banho.

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Eduardo narrando

Nem acredito que não estava aqui pra Manu nesse momento tão difícil, fiz de tudo para chegar a tempo do sepultamento, mas foi impossível. O que me tranquiliza um pouco é saber que o José estava aqui por ela, não sei o que faria sem ele. Passamos o sábado cuidando da Manu que não quis sair da cama.

Fizemos ela comer, demos um banho e fomos alternando no cafuné pra que ela se sentisse acolhida, era a única coisa que podíamos fazer, mas se eu pudesse arrancaria essa dor dela sem pensar duas vezes e sei que o José também.

No domingo encontramos com a família de Manu e apesar de todos estarem tristes, me recebem muito bem, eles sempre gostaram muito de mim.

- Edu, esse José é seu amigo também? - Pergunta uma prima da Manu quando me afasto para pegar uma água, ela já deu em cima de mim logo que fui apresentado a família, sempre me fiz de desentendido, mas avisei a Manu pra não confiar nessa garota.

- Sim. - Falo simplesmente isso.

- Se eu fosse você tomava cuidado com essa amizade toda. Todo mundo percebeu que esse cara tá colado demais nela, achei até que vocês tinham separado e ela não queria falar, mas pra minha surpresa... Aqui está você.

Eu olho bem pra cara dela e dou as costas, indo pra perto da Manu e do José.

Em seguida nos despedimos de todos e levamos a Manu pra tomar um banho no hotel, antes de seguirmos para o aeroporto.

- A prima da Manu veio me falar pra ficar de olho nessa amizade toda de vocês. - Falo para o Edu - Você tinha razão, a família dela estava estranhando mesmo, mas o que importa é que você esteve ao lado dela quando eu não pude, foda-se o que eles pensam ou deixam de pensar. Valeu cara.

- Não me agradeça, agora ela é minha mulher também - Ele fala, nós sorrimos e eu confirmo com a cabeça. 

Pelo nosso prazer (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora