4. Invisível

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chorei pra escrever, é pesadinho mas quis fazer essa parte mais tensa mesmo. cerejinhas não me cancelem eu estou de férias mas meus advogados não.

coloquem os coletes e xêro na cara.

Obs: esse capítulo foi publicado no dia internacional da mulher, dedico ele a todas as mães solo que vivem as angústias da maternidade em solidão, que possamos estar aqui por elas também

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"invisível (adj.)

é quando você não responde o bom dia. é esbarrar e não pedir desculpa. é se sentir esquecido. é fazer duvidar da própria existência. é quando você cumprimenta alguém e não recebe resposta. (...) é não ser abraçado faz mais de ano. é como se sente quem mais precisa ser visto.

não há vantagem em ser invisível, só solidão."

-J.D.


POV SARAH

Desci daquele avião querendo ficar, deixando um pedaço do meu passado que eu queria transformar em futuro, ver ela novamente foi renovador, em muito tempo não me sentia tão viva assim, só quando ouvi sua voz, admirei seu sorriso e ansiei seu toque que me dei conta o quanto sentia falta de tudo aquilo. Juliette tinha o poder de colocar cor nos meus dias, minha memória me levou até os tempos do programa, quando eu ainda não sabia que aquela cor que ela carregava consigo me faria sonhar em tê-la pra mim. Eu arriscaria tudo pra tentar, pra dizer o que sentia, para abrir meu coração e deixar ela entrar, eu teria feito tudo isso, teria deixado meus medos e minha covardia de lado. E ainda faria se não houvesse Helena, saí daquele lugar cheia de dúvidas mas com os pés no chão, não poderia me dar ao luxo de fantasiar situações impossíveis e sair ferida, dessa vez eu tinha uma filha e me preservaria pelo bem dela, ela não precisava de uma mãe machucada. Aquele momento havia sido uma gentileza do destino para mim, um alívio em meio ao caos, uma chance de ter Juliette por perto de novo e ver que nem tudo era ruim, mas eu não deixaria minha mente me levar outra vez, cair agora não machucaria apenas a mim e eu estava consciente disso. Helena só tinha a mim e eu precisava estar inteira pra ela.

Eu não havia chamado uma amiga como contei à Juliette. Encontrei Thaís no desembarque, ela estava sendo um anjo da guarda para nós duas, me aproximei dela quando o programa acabou e criamos uma amizade leve, sempre dávamos colo uma pra outra e não nos deixávamos sozinhas naquela cidade. Quando falei que voltaria de avião, ela não entendeu mas não me deixou escolha além de nos buscar no aeroporto. Helena ainda dormia enquanto seguíamos em direção a minha casa, precisei me mudar quando soube que estava grávida, o apartamento que aluguei assim que saí do programa não era apropriado para receber um bebê, então escolhi um local mais calmo, mais seguro e mais confortável. Logo percebi a expressão desconfiada de Thaís, e ela me devolveu o olhar já colocando pra fora sua curiosidade.

-  Amiga, que história é essa de voltar de avião? Foi voo particular, né? Eu sei que onde você estava não tinha aeroporto grande. Achei que o motorista ia buscar vocês, pode ir me contando, vai – Thaís disparou, ela sempre me investigava assim, tinha medo que eu me envolvesse com alguém por conta de Helena, sempre dizia que trabalhava para Helena cuidando de mim.

- Que isso, Thaís? Tá doida? Foi voo particular, sim, mas pode ficar tranquila porque não aconteceu nada demais, apenas encontrei uma amizade antiga e ela me deu carona até São Paulo, relaxa – respondi como se o que havia acontecido fosse a coisa mais rotineira do mundo.

- Carona? De jato particular? Que caronas são essas, Sarão? - ela disse deixando claro que não ia sossegar até eu contar tudo. Suspirei e desisti de tentar colocar panos quentes.

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