7. Primavera

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Já vejo o sol do verão brilhando na vida triste e fria das sariettes depois dessa att, tá vindo aí será?

Um beijo pra manu e pra sampaio que me pressionam a escrever sob ameaças, se tem att é porque elas estão vindo na minha vida.

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"primavera (s.f.)

é a promessa que fez o universo de que tudo o que  vai, volta. é a prova de que naturalmente a felicidade é um ciclo e sempre vai se concluir. é ver o mundo virar um jardim, e você ainda ser a flor mais querida da minha vida.

é quando floresce saudade em mim."

-JD


Um mês depois..

Durante o mês seguinte, Sarah e Juliette não conversaram muito, Juliette ousou perguntar como Sarah estava e a brasiliense confirmou que estava melhor, menos sobrecarregada agora que contava com a ajuda de uma babá, e interação delas se restringiu a esses pequenos contatos um pouco protocolados, sem grandes avanços na intimidade ou na retomada da amizade. Esse tempo afastadas, após a reaproximação inesperada, foi necessário para que ambas digerissem o que havia acontecido, para que entendessem o que estavam sentindo, para aceitarem e, de uma vez por todas, tomarem uma decisão sobre o que queriam dessa relação complexa e cheia de interrogações.

Sarah havia se bastado com a resposta de Juliette sobre os motivos da reaproximação, entendeu que realmente a amizade das duas havia sido rápida porém muito intensa, que a sintonia que elas adquiriram as fazia bem, Sarah acreditou que Juliette apostava nesse sentimento, embora já tivesse aceitado que ela mesma não se bastaria com isso.

Já Juliette se sentiu um pouco culpada em não ter se aberto para Sarah, não queria se aproximar apenas com o intuito de tentar conquistar o coração da brasiliense, ela realmente gostava de Sarah e estava disposta a tentar, mas além disso, ela tinha um carinho imenso pela loira, um anseio de cuidar e estar por perto que ia além da receptividade de Sarah por seu sentimento amoroso. A paraibana não sabia se conseguiria lidar com um não de Sarah, mas sentia que se as coisas não acontecessem como esperava, preferia estar por perto dela, independente do fato de serem apenas amigas.

Além disso, o mês que passou foi muito importante para Helena também, chegou aos seus seis meses e meio, já havia começado a comer alimentos sólidos, Sarah amou ver sua filha descobrindo sabores, cores e texturas, lhe apresentou tudo o que considerava saudável para sua bebê, que havia amado experimentar de tudo, as vezes fazia caretas engraçadas e cuspia o que lhe era ofertado, mas tantas vezes se deliciava com o sabor doce das frutas, se lambuzando, causando uma pequena bagunça, uma sujeira em suas roupas, fazendo Ralph ficar atento ao lado da cadeira de alimentação, ansioso por pequenos pedacinhos que caiam das suas ainda descoordenadas mãos. E Sarah registrava tudo isso, maravilhada, babona, seus stories agora tinham diariamente vídeos de Helena tentando se alimentar e causando um pequeno caos, mas que pra Sarah era o caos mais bonito que ela já havia visto. As coisas também haviam ficado mais fáceis, com a introdução alimentar, Helena naturalmente passou a mamar menos, uma única vez durante a madrugada, o que fez com que Sarah pudesse ter um sono melhor do que aquele todo interrompido que havia tido nos últimos meses, estando mais disposta para trabalhar e menos cansada durante o dia.

As amigas de Juliette que conviviam mais próximas à ela, Deborah e Giu, perceberam uma mudança na paraibana, algo sútil, ela carregava um brilho leve a mais no olhar, as vezes a pegavam sorrindo pro vento, as vezes Juliette se fechava com uma ruga na testa enquanto mexia no celular, mas na maior parte do tempo, uma leveza além daquela que já lhe era comum apareceu em Juliette, alguma coisa em sua aura emanava mais cor. E não estavam erradas em notar isso, enquanto amadureceu seu sentimento por Sarah, Juliette se viu numa posição diferente daquela em que se enxergava antes, abriu mão de ser durona, forte, inquebrável, se permitiu sentir como uma adolescente, preferiu ir com mais calma na reaproximação, sentiu que Sarah havia ficado um pouco confusa e espantada com sua mudança repentina de comportamento, além disso, sabia que Sarah precisava lidar com problemas pessoais grandes antes de ser invadida por uma Juliette apaixonada cheia de intensidade e poucos medos, mas nada disso a impediu de responder muitos stories que Sarah postava de Helena, quando viu a bebê comendo melancia pela primeira vez Juliette quase derreteu na frente da tela do celular, e fez questão de pedir a Giu que enviasse um babador com estampa de pequenos cactos para um endereço em São Paulo com um bilhete dizendo "Para uma cactinha linda, comilona e risonha que me deixou com saudade", bilhete esse que Sarah respondeu com um áudio emburrado dizendo que sua filha não era cacto, mas sim, uma mini espiã e que não iria mais discutir aquilo, pose essa que durou poucos segundos e ela logo soltou uma risada daquelas que fazia Juliette orbitar em volta do sorriso da loira agradecendo o presente e dizendo que mandaria uma foto quando usasse na pequena.

MASTERPIECEOnde histórias criam vida. Descubra agora