Confiança

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Dois meses antes

Kakashi

— Não sei não, Kakashi — Naruto reclamou pela décima vez desde que firmáramos o acordo — Você acha mesmo que dá pra confiar no... — Ele não disse o nome de Sasuke. Ao invés disso, apontou com o queixo para o Uchiha, caminhando à nossa frente.

Suspirei, cansado de ter que repetir a mesma coisa.

— Como eu já disse antes, ele é a melhor chance que nós temos de encontrar Sakura, então não é tanto uma questão de confiar quanto é de não ter outra escolha.

Naruto cruzou os braços e bufou, inconformado com minha resposta. Eu sabia o quanto era difícil para ele ter que trabalhar com Sasuke novamente, especialmente com o Uchiha, de certa forma, liderando a operação. Desde que Sakura fora sequestrada, Naruto tinha desenvolvido uma raiva de Sasuke, deixando para trás qualquer vontade de levar o amigo de volta à vila. Ele substitiu a saudade por ódio e culpou Sasuke pelo que acontecera.

Em alguns pontos, eu concordava com Naruto. Era mesmo muito esquisito que Sasuke não tivesse ficado sabendo de nada durante cinco anos. Ainda mais estranho era sua recusa em nos dizer onde estivera durante todo esse tempo e com quem tinha treinado — porque era evidente que tinha treinado. Sasuke estava evoluído. Parecia mais centrado e focado, menos arrogante. Isso não tinha acontecido de um dia para o outro e, obviamente, ele tivera ajuda em alcançar esse estado mental. Além disso, sua forma física indicava que treinara pesado por longos períodos.

Mas, como eu dissera a Naruto, mesmo tendo minhas dúvidas, acreditava que ele podia nos ajudar sim. Claro que eu não era idiota e não ia deixar a guarda baixa. Sasuke tinha concordado que, para nos ajudar, teria que ser em nossos termos: meu Sharingan ficaria ativo o tempo inteiro e o dele teria que ser desativado por um jutsu.

Quando Sakura fora sequestrada, Tsunade imaginara que Sasuke pudesse reaparecer na vila e, com medo que ele tivesse a capacidade de causar um estrago como seu irmão, trabalhara em um jutsu novo, focado em neutralizar o Sharingan. Eu tinha dores de cabeça só de lembrar dos longos dias de treinamento, em que vários ninjas me usaram como alvo para desenvolver o jutsu. O importante era que agora tínhamos essa barganha e me mantinha mais tranquilo enquanto trabalhávamos com o Uchiha.

O Jutsu Apagão funcionava como uma venda nos olhos, caso ele quisesse ativar seu Sharingan. Como eu tinha demonstrado algumas horas antes, quando fizéramos o acordo, Sasuke não sentiria nada quando o jutsu fosse ativado, mas ficaria completamente cego se usasse qualquer variação do Sharingan. Além disso, e mais importante ainda, quanto mais tempo ele insistisse em usar o kekkei genkai, lutando contra o controle do meu jutsu, mais chance teria de ficar cego permanentemente. Era brilhante, apesar de extremamente cansativo.

Minhas energias estavam totalmente voltadas para manter o meu próprio Sharingan ativo, então Naruto era o responsável por manter Sasuke na linha. Apesar de sua interminável fonte de chacra, eu temia que o cansaço gerado pelo jutsu pudesse atrapalhá-lo em uma eventual batalha.

— Pois eu não confio nele, não importa o que você diga — Naruto cruzou os braços, mirando o olhar nas costas de Sasuke.

O Uchiha caminhava ligeiramente à nossa frente, guiando-nos até onde ele dizia ser o esconderijo de Orochimaru.

— Não se esqueça de que ele já foi seu amigo.

— Isso já tem muito tempo, sensei. Agora ele é um desertor que colocou Sakura em perigo e deixou todo mundo para trás.

Sasuke parou de caminhar e virou de frente para nós.

— Estamos muito perto, é melhor pararmos aqui para montar um plano — sugeriu ele — E esse jutsu me deixa cego, não surdo, então deu para ouvir o que você disse sobre mim.

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