Sinais

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Sasuke

A ronda, tranquila demais, não foi suficiente para tirar da minha cabeça o que tinha acontecido mais cedo. Aquele abraço, aquele toque... Eu queria mais, mas não sabia se Sakura sentia o mesmo. Depois de tudo que ela tinha vivido, eu não ficaria surpreso se ela nunca quisesse ir além comigo ou com ninguém.

Sakura

Reguei a horta, colhi temperos e legumes, peguei ovos no galinheiro, limpei meu quarto, preparei o jantar, arrumei a mesa, lavei a louça. Apesar de ter me mantido ocupada o dia inteiro, nada foi capaz de tirar da minha cabeça o que tinha acontecido com Sasuke mais cedo.

Eu não sabia se ele sentia o mesmo que eu, mas parecia que sim, e eu queria ter certeza. Meu coração batia forte, ansioso para tirar a dúvida.

Sasuke

Kakashi me substituiu na vigília logo depois de comer. Naruto, Sakura e eu jantamos juntos, tendo o silêncio da noite preenchido pelo tagarela do Uzumaki.

— Aí você pega essa carne cozida, coloca em uma travessa e cobre com o molho — Ele estava explicando uma receita que nenhum de nós nunca faria — E bota no forno só até borbulhar. Depois frita as batatas...

Naruto continuava explicando como fazer seu prato preferido, mas eu não estava prestando atenção. Meus olhos estavam fixos em Sakura, lendo suas expressões e suas reações, tentando decifrá-la.

— E combina muito com suco de morango e laranja — Naruto seguia falando — E de sobremesa uma torta de pêssegos, que também é bem fácil de fazer, é só...

— Naruto! — interrompi-o — Você não precisa descansar? Sua ronda começa de manhã cedinho, não é?!

Fiz o meu melhor para indicar com o olhar que queria ficar sozinho com Sakura. Ele levou alguns segundos até se tocar e quando o fez, discreto como sempre, lançou um olhar sarcástico sobre nós.

— Claro, minha ronda... — Seu tom de voz era pior que sua expressão facial — Tá na minha hora mesmo. Durmam bem, crianças — Ele deu uma piscadela — Não façam nada que eu não faria.

Revirei os olhos. Será que ele tinha que ser tão evidente assim? Pelo menos ele tinha ido embora e nos deixado sozinhos.

Comecei a recolher as louças do jantar e Sakura foi para a pia.

— Ei, você cozinhou, eu lavo a louça — repreendi-a.

— Eu posso ajudar.

— Não seria justo.

Ela me encarou, com aqueles enormes olhos verdes.

— Mas eu quero.

Como resistir àquele tom de voz e àquele olhar? Sakura pegou um pano de prato e ficou ao meu lado, secando as louças que eu lhe entregava.

— Ainda é meio estranho, sabia?! — Ela puxou assunto — Estar nessa casa, com vocês três, como nos velhos tempos. Parece que estou sonhando.

— Eu sei como se sente — respondi — Às vezes eu fico com medo de acordar de manhã e vocês terem sumido, ter sido tudo coisa da minha cabeça.

Ela deu uma risadinha, provavelmente imaginando a minha cara caso isso acontecesse.

— Morar com seu irmão fez muito bem para você — elogiou.

Assenti, concordando com ela. Meu relacionamento com meu irmão tinha feito de mim uma nova pessoa, mudado hábitos e até minha personalidade. Eu raramente percebia isso, mas agora que Sakura tinha comentado, parara para pensar no assunto.

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