Desenho

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Oito anos antes

Deidara

— Arte deve ser duradoura, Deidara — Sasori tentou argumentar, sem conseguir mudar minha opinião nem por um segundo — Devemos ser capazes de admirar por muito tempo, observar a beleza, o envelhecimento, a forma como o tempo a molda.

— O ato de observar só dura um instante, um momento no tempo, Mestre Sasori — contra ataquei — Por isso, a arte é feita para ser instantânea. A beleza está em saber que nunca mais conseguirá ver aquilo outra vez, por isso precisa aproveitar cada segundo.

Sasori discordou, mais uma vez, reiniciando nossa discussão. Essa conversa já durava anos, literalmente, e nunca chegávamos à concordância. Eu acreditava que a arte devia ser momentânea, ele achava que tinha que durar para sempre.

"Para sempre"... Aff. Nada dura para sempre, nem mesmo nossas vidas, por mais épicas e incríveis que pudessem ser. Um dia tudo precisa acabar e o tempo se encarrega disso, guiando todas as coisas para seu fim. Um dia eu também deixaria de existir, sabia disso e fazia de tudo para que meu tempo vivo fosse como minha arte: uma explosão.

— Você é novo e arrogante demais para entender o que é a verdadeira arte — Sasori bufou.

Esse assunto sempre tinha a capacidade de tirá-lo do sério, o que me fazia alimentá-lo ainda mais. Eu sempre fora fã de uma boa confusão, achava divertido.

— Todos os grandes artistas já foram chamados de arrogantes um dia.

Do outro lado da sala comum, Itachi riu, ironicamente — era o único tipo de risada que ele era capaz de emitir. Meu olhar se virou em sua direção, perdendo todo o bom humor que discutir com Sasori tinha me causado.

Itachi Uchiha, sempre tão certo de si, se achava melhor que qualquer outro membro da Akatsuki. Aquela sensação de superioridade me dava náuseas — isso e aquele Sharingan. Já entendemos que você tem um olho vermelho brilhante, agora pare de falar disso! Insuportável.

— Qual a graça, Itachi?

— Você se achar um grande artista — respondeu ele, blasé — Só pode ser uma piada.

Aproximei-me de onde ele estava sentado, com um sorriso aberto no rosto. Eu sabia que Itachi odiava quando seus insultos não me atingiam e sempre agia como tal — mesmo quando estava ofendido.

— Será que você não tem nada melhor para fazer que se meter no assunto dos outros? — desafiei-o — Não sobrou nenhum membro da sua família para você assassinar, não?!

Ele se levantou em um movimento rápido e preciso e me encarou. Agora estávamos cara a cara, separados por uma nesga de ar e uma camada intensa de ódio.

— Cuidado com o que fala, garoto do biscuit — ameaçou — Ou pode acabar sem suas setecentas e cinquenta línguas.

— Por que você não trata essa conjuntivite antes de discutir com alguém?

Sasori riu da comparação que fiz, associando o Sharingan a uma inflamação, mas Kakuzu, apesar de também ter achado graça, tentou apartar a discussão.

— Já chega por hoje, né?!

— Claro — concordou Itachi — Por hoje... — ameaçou.

Eu estava começando a seguir meu caminho, mas voltei quando ele me desafiou dessa forma.

— Não sabia que você atacava colegas de time, achei que seu foco era membros da família.

Itachi esticou uma mão na direção do meu pescoço, pronto para levar a briga para outro nível, mas Kakuzu entrou no meio de nós dois.

O Tempo Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora