12 horas

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Sakura

Um rosto familiar colado no meu fez com que eu saltasse, assustada, assim que abri os olhos.

— Que sinal? — Kabuto perguntou, em tom de exigência, tão perto de mim que minha respiração embaçou seus óculos.

Eu tinha acabado de acordar e não consegui assimilar o que ele estava falando. Sinal? O que ele estava fazendo tão perto de mim? O que ele queria?

— Que?! — Tentei me sentar, mas ele me empurrou de volta para a cama com força, segurando meus ombros com violência.

Essa era a desvantagem de não estar na minha cela. Eu teria ouvido ele chegando, seus passos ecoando pela caverna, as chaves e os jutsus para abrir o portão. Aqui, o carpete abafava o som, a porta era silenciosa e eu estava muito fácil de alcançar. Além disso, tinha demorado a dormir, agitada pelo que acontecera na noite anterior no quarto de Sasuke e quando finalmente conseguira, apagara.

— Não se faz de idiota que eu não tenho tempo pra isso — reclamou ele, pressionando os dedos em meu ombro com tanta força que meus ossos rangeram — Que sinal você vai esperar de Sasuke?

Ele realmente estivera ouvindo nossa conversa de ontem. Eu não tinha duvidado do plano de Sasuke para me contar o plano de fuga, mas não imaginara que eles viriam tão rápido e tão ávidos por informações. Kabuto me encarava, furioso, os dentes trincando e rangendo. Eu tinha sido burra demais de dizer aquilo em voz alta, longe o suficiente de Sasuke para que os capangas conseguissem ouvir.

— Não sei do que você está faland... — Antes que eu terminasse a frase, Kabuto segurou meu pescoço com raiva, sufocando-me.

— Eu não sou idiota, Sakura.

"Então porque se veste como um?" pensei comigo mesma. Eu sabia que Kabuto não ia me matar e, apesar da dor e da falta de ar, a resposta parou na ponta da minha língua. Se não estivesse tão engasgada, provavelmente teria dito. Dois dias em um quarto novo e alguns minutos no colo de Sasuke e, aparentemente, eu tinha conseguido retomar parte da minha coragem.

— Não... tem... sinal... nenhum — gaguejei, sufocada.

Kabuto não acreditou.

— É uma fuga? — supôs ele — Ou um ataque? Anda, fala!

Eu estava começando a perder a consciência. Minha visão estava embaçada, eu não sentia minhas mãos. Fraca, mal conseguia reagir, apenas me debatia tentando me desfazer do enforcamento, sem sucesso. Quando tudo começou a ficar escuro e eu estava prestes a desmaiar, outra voz soou no cômodo.

— Boa noite, Kabuto — Sasuke disse, de maneira informal, como se estivesse chegando em uma reunião de amigos — Será que poderia parar de sufocar a Sakura, por favor?

Kabuto se virou para ver de onde a voz vinha e, nesse instante, relaxou o apertão na minha garganta, permitindo que eu recuperasse o ar. Numa arfada desesperada e alta, puxei todo o oxigênio possível de uma vez só para dentro dos pulmões, sentindo a dor aliviar. Ficar sem respirar é doloroso, incômodo, desesperador.

— Vai embora, Sasuke, isso não tem nada a ver com você — Kabuto ordenou.

Mas Sasuke nem se moveu, parado contra o batente da porta de braços cruzados, sem camisa — será que não tinham dado nenhuma para ele? — tão casual que nem parecia um confronto. Mas era.

— Desculpe, acho que o fato de você ter citado meu nome me confundiu — ironizou ele.

Kabuto encarou Sasuke com ódio, depois me observou enquanto eu tentava me recompor e ficou variando o olhar de mim para ele, e vice-versa, por uns segundos.

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