Perdas

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O Natal era um dos feriados mais importantes do ano, talvez um dos mais aguardados de todos

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O Natal era um dos feriados mais importantes do ano, talvez um dos mais aguardados de todos. Ele trazia a magia para as noites frias, ou amenas, do inverno americano, as pessoas sorriam um pouco mais e gastavam dinheiro - excessivamente muitas vezes - para presentear outras pessoas.

As árvores eram montadas e brilhavam ainda mais que a noite mais estrelada, as ceias eram preparadas e tudo deveria parecer...certo.

O dia vinte e cinco deveria chegar com leveza, comidas quentes e suéteres fofos e bregas. Logo depois, a expectativa do ano novo bateria fortemente na porta e mais um feriado iria florescer como flores na primavera, abundante e previsível.

O relógio digital marcava 00:00 no Hospital St. Jude quando Blue o olhou pela vigésima quarta vez naquela noite. Ao contrário da felicidade e amor borbulhando em seu peito, ela sentia somente a bile e o medo corroendo seu estômago vazio.

A embalagem vazia de um chocolate barato - e terrivelmente ruim - era a única coisa em suas mãos. Sem nenhum presente. Sem nenhum celular cheio de mensagens de felicitações. Sem nenhuma mão de alguém dizendo que tudo ficaria bem.

A vida é assim, querida. Você não pode mudar o que ela te dá ou adivinhar o que ela pretende fazer com você. Ela pode te dar uma rasteira ou um grande presente. Viver é se adequar ao que vier e se possível, não morrer tentando.

A voz rouca e baixa da sua falecida avó ainda percorria sua memória mesmo depois de três anos que um derrame a levou, a vida finalmente dando sua rasteira final. A velha nunca deixava de reclamar que estavam esquecendo-a na Terra e que Deus deveria resolver seu problema e levá-la para umas férias no paraíso.

Um sorriso singelo e pequeno preencheu os lábios ressecados de Blue, mas morreu logo em seguida quando a memória foi nublada pela percepção de que sua mãe faria companhia em breve para a sua avó.

Elas estariam juntas novamente.

— Você não parece estar num espírito natalino convincente, mas é bom o bastante. — uma voz masculina a faz olhar para cima, os seus olhos cansados e ainda um pouco úmidos.

— O quê? — ela pergunta ligeiramente curiosa, mas exausta o bastante para sequer se mover para ver melhor o estranho.

Ele era moreno, os seus cabelos castanhos escuros cortados um pouco próximos do seu crânio, mas parecendo desordenados mesmo assim. A sua pele também morena estava machucada, o seu lábio grosso inchado por um pequeno corte e o sangue seco ainda preso em alguns fios de cabelo perto do corte recém costurado em sua testa.

— A enfermeira disse que eu estava deprimente demais para o Natal, então me mandou procurar um espírito natalino. — ele dá de ombros, os seus olhos vagando preguiçosamente o corredor quase vazio do hospital.

— Você estava em uma briga?

— Foi o sangue, os hematomas ou o meu cheiro ruim que entregou? — ele sorri com sarcasmo, mas parece refletir suas palavras novamente antes de continuar. — Sinto muito, isso foi...rude? Sim, provavelmente foi rude.

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⏰ Última atualização: Mar 11, 2022 ⏰

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