Capítulo 1 🐺

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Era de noite, como eu sabia? eu podia sentir o cheiro da brisa fria, estava silêncio, eu podia ouvir o som da chuva mesmo a metros do solo, as paredes da cela eram grossas, mas não o suficiente para impedir minha audição aguçada de ouvir os passos dos guardas e os cochichos, assim como ouvia também o ruído dos ratos, e sentia o cheiro podre desse lugar.

-063 ora da janta, abram a fresta. O ouvi cuspir no prato e o empurrar pela pequena brecha na porta de aço.
-Coma seu animal imundo. Mesmo sem ver sabia que sua expressão era de puro nojo, mas mesmo atrás dessas paredes grossas, eu sabia que eles me temiam.
Nasci e cresci em laboratório, a indústria APAS( Análise, Prevenção, e Aniquilação de Sobrenaturais) me capturaram quando eu ainda era uma criança de 12 anos, eu nunca tive um lar, nasci em um orfanato para meninos, onde as pessoas abusavam e maltratam as crianças.

Anos antes….

Com 12 anos aconteceu minha primeira transformação, foi muito confuso, eu não compreendia o que estava acontecendo, só sabia que eu estava diferente. Naquela noite eu havia fugido dos dormitórios para buscar um pouco de caramelo em uma lata na dispensa, eu amava aquele doce, só que ele só era servido uma vez a cada semana, então eu aproveitei que sabia as rondas dos guardas, e invadi a cozinha com a chave que roubei da tutora pela manhã, e sim, nunca fui muito social com as pessoas, algumas delas tinham medo da minha presença, não sei se era pelos meus olhos extremamentes cinzas, ou pelas marcas em meu corpo, também era um de muitos que não fazia a noção de onde vinha, eu gostava de ficar só, sempre tive a sensação que algo estava errado dentro de mim. Eu era bom em furtar e me esconder,  mas naquela noite eu não tinha prestado atenção que estava sendo seguido, Brayan, Dereck, e Trevor, eles eram uns dos mais velhos, acho que eles tinham entre 16 a 17 anos, Brayan se não fosse órfão seria o típico garoto loiro de olhos verdes que possivelmente seria um riquinho mimado , derek tinha a pele branca e os cabelos raspados, e trevor era moreno de cabelos castanhos, e olhos claros,ambos muito mais altos que minha pequena estatura, eles dormiam no mesmo dormitório que o meu, pois aqui não existe divisão por escala de idade. Eles me encurralaram dentro da pequena despensa.
-Olha só meninos o que encontramos aqui, o pequeno monstrinho. Ouvi Brayan falar, ele era o líder ali, dá seu pequeno time de ''malvados´´.
-O que a gente faz com ele? ouvi trevor sorrindo .
-Que tal nós ensinarmos uma lição a esse ladrãozinho de merda. Trevor falou enquanto ambos se olharam. nunca abaixei minha cabeça, nem quando era deixado de castigo, ou quando apanhava dos guardas ou tutores, e ali não seria a primeira vez que o faria.
-me deixem em paz! falei enquanto segurava a pequena lata com as costas grudadas na prateleira.
-Eu acho que não, você é uma aberração, e sabe o que se faz com aberrações? a gente mata. brayan se inclinou um pouco em minha frente foi quando me deu tempo de jogar a lata de caramelo com toda a minha força em seu rosto, mas quando tentei ultrapassar por baixo de suas pernas, senti as mãos de trevor puxar meus cabelos e me jogar no chão.
-Seu merda, você vai se arrepender por isso. Depois disso só tive tempo de colocar minhas mãos no rosto e me encolher, eles desferiram vários socos e chutes, eu sentia o cheiro de sangue e gosto em minha ninguém, eu sabia que não iam para, não seria a primeira vez que agrediam alguém, e afinal, quem era eu ali? ninguém, apenas um mais um órfão do qual todos odiavam.
-Cara parou, eu acho que já chega, a gente vai acabar matando ele, e vai sobrar feio para todo mundo. Ainda pude ouvir a voz de Derek, falando aos outros.
-Não, eu não vou parar, quero vê lo chorar. Disse brayan, e sim, mesmo com toda dor, eu não derramei uma lágrima, não ia dar esse gostinho a eles, mas naquele momento, eu senti raiva, raiva por estar sozinho e não ter amigos para me defender, raiva por seja lá quem tinha me abandonado naquele lugar, e raiva por não poder fazer nada por mim.
Senti meu coração disparar e ouvi apenas um sussurro,e depois gritos muito distantes, daí tudo apagou.
-AAAAHH! acordei assustado, era uma das faxineiras, ela havia me encontrado, mas algo estava errado, meu corpo não doía, não sentia minhas costelas doerem, mas tinha algo errado, havia sangue, muito sangue, e ao meu redor estava os pedaços dos corpos de Brayan e Trevor, como eu sabia? Porque a cabeça do trevor estava arrancada e reconheci a pulseira no outro corpo, era de Brayan, pois eu já tinha roubado uma vez.
Eu vi quando os policiais chegaram e os homens de preto também, tudo se passou apenas como um borrão em meus olhos, não entendia o que estava acontecendo, mas de certa forma eu sabia, sabia que tinha matado eles, e o pior, ou talvez não tão pior, mas eu não sentia nem um remorso por isso naquele dia eu fui levado para a prisão de segurança máxima da APAS, eu sabia porque os homens de preto me disseram no caminho. Com o passar dos anos fui preso, testado, drogado e torturado por diversos cientistas, eles me mostraram o que eu era, ''uma aberração´´, assassino, monstro, era o que cuspiam na minha cara, com o tempo percebi que eu não estava só, haviam outras pessoas ali também, ou como eles chamavam de SOBRENATURAIS, teve dias que vi homens se transformarem em lobos, e outros que se alimentavam apenas de sangue, daí descobrir que era lobisomens e vampiros, seres que eram temidos e caçados pelos humanos, queria nos tornar armas, e descobrir os benefícios que o sangue sobrenatural traria para a evolução da ciência e medina humana, mas eram terríveis as atrocidades feitas aqui.
Não sou lobo nem vampiro….
-Você é um híbrido criança, a criatura mais bela e mais rara que já vimos em todos esses anos, não sabemos como foi possível a existência de algo como você. Disse o cientista/médico descobrir que o chamavam de doutor 0, mas seu nome era Steve Beck estava nas organizações principais desse lugar, era um dos chefões aqui.
Ele me estudou ao longo dos anos, e acredite, meu ódio por ele só aumentou, descobrir que sou imune ao sol diferente dos vampiros, mas a prata ainda assim me machuca, só que menos do que a um lobisomem normal, mas não chega a ser letal.

Atualmente…

Minha rotina é feita entre a transferência da cela, para os andares de cima, descobrir que essa instalação tem muitos andares, e eu estou em um no subsolo, me drogam e me levam do laboratório para a cela, sempre preso com diversas correntes de prata, me transformei poucas vezes, apenas quando a quantidade de droga que era aplicada começava a não fazer mais efeito, me alimento apenas duas vezes ao dia, o suficiente para aguentar os testes de aptidão.
Contei cada maldito dia nessa instalação, atualmente estou com 26 anos, sim, 14 anos preso nesse lugar, mais eu estou bolando um plano a muito tempo, e sei que dessa vez eu sairei daqui, e finalmente terei a minha liberdade, e poderei recomeçar.
Estou aqui olhando para o prato a minha frente, e sinto as correntes queimarem a minha pele, não sinto fome, me sinto mais forte do que jamais me senti nos últimos anos aqui dentro, me acostumei com as drogas, eu finjo que estou sobre o efeito delas a maior parte do tempo, então faz um certo tempo que a dosagem e a mesma, não me revolto, ou machuco ninguém, e muito menos tenho me transformar, não posso permitir que percebam que estou mais forte, e sem o efeito delas.
- Vamos 064, ora do banho. Disse um dos guardas me puxando pelas correntes da cela, enquanto mais dois tinham armas tranquilizantes apontadas para mim.
- Hoje temos algo especial para você. Vi enquanto ele lambia os lábios, percebi que os outros nos deixaram a sós. Esse era Stenford ele tem uma certa "atração" por mim, eu o enojo, desde que cheguei nesse lugar eu nunca tinha deixado de notar as mãos pelo meu corpo quando estávamos a sós, só que muita coisa mudou agora, eu cresci, meu corpo mudou, tenho mais de 2 metros de altura e muitos músculos ocuparam o lugar dos meus membros magros, as marcas em minha pele estão desde a infância, e só ficam mais evidentes, são símbolos que não compreendo o significado.
O banheiro é um espaço aberto sem cabines ou chuveiro, tínhamos que tomar um banho a cada 3 dias, exigências de Steve,  nos dão banho com uma mangueira de pressão, parecida com a do corpo de bombeiros, os jatos são frios e só não me irritam mais do que o cara a minha frente.
- Vamos começar né meu menino, você se tornou um belo homem rapaz...ele passava a mão pelos meus bíceps, enquanto abria minha calça, pois a única coisa que me cobria era ela.
- Hoje nós vamos fazer algo diferente, o que acha? Ele perguntava enquanto desabotoava minha calça.
- Mas antes, vamos aplicar um pouquinho disso, pra te deixar calmo. Eu estava preso na parede, as correntes eram aprendidas a um tipo de aço fundido na parede, sendo obrigado a ficar de pé. O senti injetar o tranquilizante, só que o mesmo não fazia efeito.
- Isso… bem quentinho. Ele falou, e eu só fiz esperar, sabia o que veria a seguir, ele me soltou, sim ele era tolo o bastante para se confiar a essa situação, então eu escorreguei pela parede e deite no chão, ele conseguiu me virar, ele não era um homem muito pequeno, tinha os seus 1.80 mais ainda assim, bem menor comparado ao meu tamanho. O sentir subir atrás de mim, suas mãos passavam pelas minhas costas, e seu membro estava duro, ele era um merda de um doente, quando o senti descer as mãos em minha cintura e me virei rapidamente, assustando-o, vi seus olhos saltar da face, ele mudou de cor, fiquei por cima dele, e pressionei as corrente que ficavam presas em meus pulsos em seu pescoço, fiz um certo excesso de força que senti seu pescoço quebrar, sim stanford essa foi seu último suspiro miserável nesse mundo.
Quebrei as correntes, ajeitei minha calça, e passei pelas portas, como sou muito veloz em comparação a um humano, matei os dois guardas antes mesmo que se dessem conta da minha presença. andei pelos corredores silencioso, ja sabia por ondem deveria passar, entao entrei numa sala, o laboratorio, com o cartão de um dos guardas, e la estava ele, Steve, o maldito que fez da minha vida um inferno todos esses anos.
-Mas como…vi seus olhos arregalaram, seu rosto espantado.
-Você achava mesmo que eu nunca iria conseguir sair daqui? mas antes tenho contas a tratar com você. Ele correu até o alarme e conseguiu o acionar.
-merda!! esbravejei. avancei em cima dele e pressionei sua garganta com minhas mãos.
-Você sabe que mesmo que me mate eles vão te achar…ele falava enquanto se engasgava.
-Quero vê eles tentarem, matarei todos, começando por você. minhas garras saíram e arranquei sua garganta.
O alarme soa, preciso sair daqui o mais rápido.
Então corri pelos corredores, e encontrei uma passagem de saída de emergência que tinha encontrado anos atrás, era como uma válvula de escape, arranquei os cadeados e arrombei a porta, do lado de fora, vi a chuva, as o céu, o cheiro de terra era presente, finalmente livre! Me transforme, senti minha garras o pouco pelo surgir, as orelhas mudares, meus dentes ficam afiados, e o focinho mais largo, diferente dos lobisomens comuns, meu corpo não  ficava coberto de pelos, nem rabo parecia, e muito menos o focinho comprido, pela mistura de espécies eu parecia mais com um humano do que um lobo, e podia andar sobre duas patas. sai correndo, adentrando a floresta a minha frente.





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