Morre um amor, nasce um poeta

25 7 0
                                    

Quando olho para você, rindo desse jeito com outra pessoa, da mesma maneira que você costumava rir comigo, eu me pergunto como nós vamos nos lembrar um do outro no futuro.
Você se lembrará do gosto da minha boca quando beijar a sua nova garota?
Imagino como eu poderia explicar para meus filhos que naquele dia de janeiro eu assisti a pessoa que eu achava ser o amor da minha vida, amar outra pessoa, enquanto a chuva caía sem piedade sobre mim, e eu só conseguia desejar que você estivesse mais feliz.
Caminhei com passos leves, carregando o peso do mundo, até a mesa que você estava. O brilho de seus olhos se transforma em uma névoa de semblante confuso. Foi isso, então, que sempre fiz com você?
Você se levanta, pronto para dizer que não era nada do que eu estava pensando.
O vento soprou contra mim, não forte o suficiente para balançar meu cabelo encharcado; mas frio o bastante para que eu pudesse senti-lo.
Você precisa do que te mata as vezes, e pensando nisso, eu te abracei. Seus músculos estavam tensos, e uma aura de culpa exalava de seu corpo quente, então apertei sua pele contra a minha, deixando que ela dissesse por mim tudo o que minha boca não conseguia.
"Só finja que estamos bem. Finja que nós vamos ficar."
Você retribui, enquanto eu desmorono nos seus braços.
- Fomos bem juntos, não fomos?

Estigma - Eutanásia Onde histórias criam vida. Descubra agora