Capítulo 2

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Plano diabólico

A única aula em que tenho em comum com Jacobs é a de história. Não é atoa que foi a única que ele me pediu um trabalho depois de tantos anos estudando na mesma escola que ele.

Ele sentava logo atrás de mim, nunca trocamos nenhum tipo de olhar ou palavras, muito menos contato físico. Eu mantinha distância, fingia que ele não estava ali. Nate tem muito poder sobre a escola, ele poderia facilmente inventar qualquer coisa sobre mim e todos acreditariam. Isso é fato.

Hoje foi diferente, por mais que eu continuei com a ideia de não trocar olhares com ele, ou simplesmente virar para trás para pegar algo na mochila, foi ele quem me chamou. Senti os seus dedos tocarem nos meus ombros, ele estava me cutucando para que eu olhasse para ele.

— Olha aqui, vê se tá certo. — ele pegou o papel que estava em sua mão e entregou-o pra mim.

Era uma folha de papel almaço idêntica ao meu trabalho, a única diferença era a falta de capricho. A sua letra era um garrancho, provavelmente escreveu na pressa - e eu não julgo, era madrugada. A única coisa que diferenciava do meu, além da letra, era o nome. Dei algumas olhadas para que parecesse que eu realmente estava verificando o trabalho e entreguei-o de volta para Nate.

— Tá certo. Se o professor não reparar que é uma cópia legítima do meu, com toda certeza você tira um 10. — respondi.

— Se eu não tirar um 10 é você quem vai levar 0. — ameaçou.

— Não mesmo. — respondo e me arrependo logo em seguida.

— Claro cara, é brincadeira. Acha mesmo que eu faria alguma coisa? — um tom irônico disfarçado soava na sua voz.

Dei uma risada forçada, ele retribuiu com um sorriso forçado. Ergueu seus lábios e seu sorriso destacou-se na minha frente.

O professor havia chegado na sala, ele estava atrasado.

Durante a aula entregamos os trabalhos e nos passou alguns slides com exercícios para respondermos. Enquanto isso ele começou a corrigir os trabalhos e por sorte, não vi nenhuma reação esquisita ao verificar aqueles pedaços de papéis em cima da mesa dele. Talvez nem tenha percebido a cópia idêntica que Nate fez do meu trabalho, ou percebeu e já está tão acostumado com cópias que simplesmente zerou ambos os trabalhos e passou para o próximo.

O sinal tocou e finalmente fiquei livre para me locomover até o meu armário, pegar o restante dos meus materiais e ir até a aula de química. Era a minha aula preferida na escola desde o início do ensino médio, adorava as fórmulas, a tabela periódica e o fato de que há química em literalmente tudo. Geralmente nessa aula, sentamos todos em duplas, porque assim podemos ajudar uns aos outros e facilitar o entendimento da matéria.

A professora de química entrou na sala e logo atrás dela entrou Nath, atrasada como sempre. Porém, Nate apareceu atrás dela. Ela olhou para ele com uma expressão interrogativa; enquanto isso, ele foi rapidamente até a minha mesa e sentou do meu lado, antes que Nath tivesse a chance de se aproximar.

Eu olhei para Nate e perguntei, não calculando as palavras.

— O que você tá fazendo aqui? — sussurrei. — Essa é uma matéria opcional.

— Eu já te falei, não te interessa. — disse no mesmo tom. — O que deve saber é que eu gosto de química.

Não, ele com toda certeza não gosta de química. É raro as pessoas que gostam de química, Nate com certeza não se encaixa nos padrões de alguém que gosta de química. Química avançada ainda por cima.

𝐎𝐛𝐬𝐞𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧 | Euphoria [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora