Capítulo 8

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Pânico

O tempo passava e eu ficava preso nos meus mais aterrorizantes pensamentos. A cada hora, eu sentia arrependimento por não ter morrido naquele dia. Desenvolvi crises de pânico frequentes, e, mesmo em estado crítico, a minha frequência cardíaca aumentava tanto que era como se eu estivesse acordado sendo esfaqueado, de novo, e de novo.

Sou como uma moeda virando constantemente — cara, coroa, cara, coroa, cara, coroa — como se alguém tivesse me jogado para o alto com o intuito de resolver alguma questão, mas não conseguiu me agarrar de volta, e agora estou caído em um abismo, incapaz de saber qual lado estará para cima quando eu aterrissar.

Nate Jacobs recebeu alta e a primeira coisa que fez foi vir me pedir perdão. Sozinho na sala, ele implorava para que eu lhe perdoasse, mas principalmente: que eu jamais falasse para alguém. Beijava a minha testa mas eu sentia somente nojo. Não haveria perdão para Nate, ele rasgou a minha confiança, jogou no lixo e depois a queimou.

Olhando as paredes do meu quarto, eu ficava extasiado por uma nostalgia gritante — uma vontade de gritar e correr até encontrar uma maneira de voltar ao passado e corrigir os meus mais fúnebres arrependimentos. E, o principal deles, é com toda certeza ter conhecido Nate Jacobs.

Eu fui traumatizado, eu fui enganado. Eu queria morrer.

...

Após duas semanas no hospital, vejo o médico chegando ao meu quarto com a papelada para que eu finalmente recebesse alta.

— É só assinar aqui, e aqui. — ele disse apontando o dedo para uma cláusula em vazio.

A minha mãe que estava ao meu lado, pegou o papel e assinou. Ele não sabia o que de fato havia acontecido naquele dia, eu simplesmente disse que uma gangue me espancou enquanto andava na rua — parte disso era verdade.

— Pronto. — ela disse largando a caneta que segurava em sua mão. — Vamos filho.

Ela me ajudou a levantar e assim eu consegui ficar de pé. Havia algumas cicatrizes no meu corpo, a maioria delas com gaze tampando. Meu corpo ainda tremia enquanto andava, o médico disse que isso seria frequente durante mais alguns dias.

Andamos até a saída do hospital, entramos no carro e fomos para casa. Foi a primeira vez que vou para o lado de fora do hospital depois de duas semanas.

A Nath foi me visitar diversas vezes. Teve noites que eu encontrava ela dormindo na poltrona, ao lado da minha cama. Eu me sentia culpado, culpado por não ter lhe ouvido e culpado porque o resultado disso tudo foram noites mal dormidas para ela.

Fui drogado diversas vezes com morfina e uma infinidade de remédios que me deixavam dopado. Era bom. Por breves momentos era como se eu deixasse de existir, como se o meu corpo flutuasse e não houvesse mais problemas, ou dor.

...

— Estou indo mãe! — gritei para a minha mãe descendo as escadas.

Ela andou até a minha direção e passou a mão sobre o meu rosto.

— Você tem certeza filho? — perguntou.

— Sim mãe, eu não posso ficar pra sempre em casa. — respondi.

— Qualquer coisa pode me ligar, viu? — ela me abraçou. Um abraço quente igual a nenhum outro, o abraço materno.

— Te amo. — respondi e segui em direção ao meu carro. Liguei-o e fui até o colégio.

Os meus pais voltaram de viagem correndo quando receberam a notícia de que eu estava no hospital, insconsciente. Eles se culparam tanto, que provavelmente nunca mais me deixarão sozinho na vida.

𝐎𝐛𝐬𝐞𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧 | Euphoria [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora