Capítulo 9

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Enganado pelo meu próprio consciente

Eu estava deitado na minha cama fazendo o possível para me concentrar e me entregar ao mundo dos sonhos. Porém, um ruído insuportável pairava sobre a minha janela. Tec, tec, tec.

Até que, ele se silencia misteriosamente como um toque súbito. E, como se fosse uma substituição do universo, passo a ouvir batidas na porta.

— Entre! — ordenei ainda com a coberta tampando o meu rosto.

A porta de abriu e um ser alto, de cabelos escuros e um olhar que eu reconheceria de qualquer outro lugar do mundo apareceu. Era Nathaniel Jacobs.

Ele entrou e andou até a minha direção. Pulou na minha cama, caindo sobre o meu corpo e aproximou o seu rosto sobre o meu.

— Eu te amo, Felipe. — ele disse.

Beijou-me intensamente, eu tentava lhe afastar mas nada que eu fizesse desgrudava os seus lábios sobre os meus.

M-mi lar-ga. — tentei sibilar.

Nate largou por um segundo e começou a tirar a sua roupa. Sendo ela a sua camiseta, a sua calça de moletom e principalmente: sua cueca.

Ele passou a se esfregar em mim e me beijar. De novo e de novo.

Perco o controle do meu corpo e eu começo a retribuir todos os beijos e os toques, mas a minha mente grita por socorro.

Até que, depois de extrema força, eu  consegui soltar um grito que refletia até a minha alma.

— Não! Não!

Até que, abro os olhos novamente e eu estou no meu quarto, de manhã. Não havia Nate Jacobs, não havia ruído esquisito na janela. Era apenas um sonho.

— Filho, o que houve? — minha mãe chegou assustada, abrindo a porta do meu quarto e correndo até a minha direção para me confortar.

Enquanto isso eu chorava, as lágrimas caiam com intensidade do meu rosto e eu sentia um aperto no meu peito que eu jamais havia sentido antes. Eu estava traumatizado, queria esquecer os últimos meses. Eu sentia-me preso em um loop eterno de sofrimento, queria fugir. Eu precisava de remédios.

— Estou bem mãe. — disse e ela demorou para aceitar. Abraçou-me por mais alguns instantes e fez cafuné na minha cabeça.

— Qualquer coisa você me chama tá, eu tô aqui. — ela respondeu levantando da cama e saindo do meu quarto.

Eu levantei rapidamente e fui até a porta para fechar. Andei até o meu banheiro e encontrei alguns comprimidos que usei quando fiquei internado no hospital. Diazepan, Enalapril, Roacutan, são diversas opções. Pego o frasco do Diazepan e abro, dentro dele ainda havia diversos comprimidos. Coloco-os em minha mão e levo direto para a minha boca.

O efeito foi tão rápido que eu sinto como se fosse flutuar, uma sensação maluca de euforia invade o meu corpo. Esqueço de tudo em minha volta, é como se os meus problemas nunca tivessem existido. Sento-me no chão do banheiro e me acomodo ao lado da banheira, encaro a parede mas nem percebo, pois tenho certeza que consigo ver borboletas cintilantes voando em círculos. 

Até que, eu apago. O meu organismo não está acostumado com uma quantia tão alta de remédios, eu deveria ter previsto isso. 

— Ele tomou os remédios Miguel! — ouço uma voz feminina no meu inconsciente. — Chama a ambulância, rápido!

...

Os meus olhos se abrem, mas eu continuo no chão gelado do banheiro. A essa altura eu imaginei que estaria no hospital, com centenas de agulhas enfiadas sobre a minha pele. A minha mãe ao meu lado preocupada se eu iria morrer, e o meu pai com a mão na testa — esse é o sinal que ele faz quando está preocupado.

𝐎𝐛𝐬𝐞𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧 | Euphoria [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora