Através da névoa, você realmente existe

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Seul, Coreia do Sul, 10 de Junho de 2021

Acordou sob a luz do sol que invadia seu quarto. Os olhos de Doyoung abriram com força. O garoto estava com a respiração desregulada, e não conseguia concentrar seus olhos em um canto só. Demorou alguns segundos até conseguir se acalmar e finalmente se dar conta de que teve outro pesadelo.

O terceiro sonho ruim da semana, em uma sexta-feira.

Sentou-se na cama e coçou o olho, bocejando logo em seguida. Passou a mão pelo pescoço e o estalou.

- Esse cara de novo...

Há três anos, Doyoung começou a sonhar com um homem com uma aparência de uma pessoa de vinte e cinco anos de idade, aproximadamente. Esses sonhos nem sempre eram contínuos, pois geralmente existia o intervalo de um mês entre um sonho e outro, mesmo havendo épocas em que o Kim sonha praticamente todos os dias com esse tal homem - principalmente quando está se sentindo envolto de muito estresse e ansiedade - e isso passou a incomodar o rapaz cada vez mais.

Levantou-se da cama e foi direto ao banheiro para se aliviar. Após isso, passou uma água em seu rosto, colocando a pasta de dente na escova e escovando os dentes logo após. Durante o processo, se olhou no espelho a sua frente. Seu rosto demonstrava o cansaço que estava sentindo, porque como se não bastasse a vida quando acordado, teria que aguentar a vida quando estava adormecido também.

Tirou a espuma que havia em sua boca e passou os dedos molhados pelos lábios, agora podendo vê-los melhor. Sempre quando saía de um sonho com o tal homem, acordava com os lábios avermelhados e inchados como se tivesse beijado alguém. Passou a mão pelo peito e sentiu um aperto no local.

Só de se lembrar daquele rosto pálido, aquelas covinhas nas bochechas, o hanbok preto daquele rapaz... o dava uma sensação estranha. Nada supera os olhos, que pareciam duas rubis das mais brilhantes. O vermelho dos olhos sedutores, o perigo que carregava neles enlouquecia um Doyoung que, por mais que diga que é pouco impressionável, não se aguentava ao vê-los.

Escarlate como o céu de final de tarde, vermelho como uma rosa, perigosamente rubro como o sangue que escorria pelos espinhos do caule da flor.

Seus pensamentos foram interrompidos por um latido incessante atrás da porta do banheiro. Era o que precisava para acordar de vez. A pequena cadelinha da raça Shihtzu estava latindo para a porta.

- Doyoung! Você morreu aí? - Seu irmão mais novo, Jeno, gritou do lado de fora. - A Ofélia tá até latindo para a porta e tá me dando medo!

- Já vou! - Gritou de volta.

Balançou a cabeça para os lados e xingou a si mesmo baixinho. Tratou de tirar suas roupas, entrar no box e abrir o registro. A água gelada caía sobre seu corpo, o dando um pouco de calafrio de início, mas se acostumando logo depois. Porém, em determinado momento, olhou para o chão e começou a se lembrar do quão bom era sentir aqueles toques tão significativos. Subiu suas mãos pelos braços, até chegar nos ombros, onde apertou em uma forma de abraçar a si mesmo. Os toques dos dedos que sentia em seus sonhos eram tão frios quanto aquela água sobre sua pele, e por mais que não fossem reais, demonstravam um cuidado e afeto o qual nunca sentiu em seus relacionamentos de sua vida fora do plano dos sonhos.

Voltando a sua realidade, Doyoung acordou novamente. Coçou a cabeça e murmurou:

- O que deu em mim hoje?

Tomou o seu banho como se nada tivesse acontecido e, passados alguns minutos, já estava vestido e pronto para sair para a sua faculdade. Posteriormente, iria para o seu serviço. Era incrível como já estava cansado logo pela manhã. Seu dia mal começou.

O Bruxo de Bukhansan - DoJaeOnde histórias criam vida. Descubra agora