Ninguém vai acreditar em você

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- Um suicídio. - O doutor Kim Jongdae falou enquanto ainda estava com os braços cruzados encarando o corpo estirado na maca. Uma situação bem feia, de fato, pois um jovem modelo renomado da Coreia do Sul teria se jogado do nono andar de um prédio em Gangnam em pleno horário de pico. O corpo chegou há pouco tempo no necrotério, pronto para ser examinado pelo médico legista. - Nesse caso, teremos que ter certeza se não foi motivado por abuso de substâncias. Entendeu, doutor Moon?

Moon Taeil, médico recém-formado e novato naquele necrotério, estava vendo mais um dos procedimentos que deveria aprender. Apesar de ser algo extremamente agonizante e de embrulhar o estômago, não era nada que Taeil já não estivesse acostumado. E Jongdae era extremamente competente no que fazia, então ele deixava tudo parecendo bem mais fácil do que realmente era, além de ensinar muito bem.

- Sim, senhor. - Taeil respondeu.

E assim, começaram os procedimentos. Era o mesmo padrão de coletar amostras do corpo para análise em laboratório. Naquele caso, apenas para constatar se teria resquício de alguma droga no corpo da pessoa que possa justificar a morte, podendo ser um acidente causado por efeitos psicotrópicos na mente.

Quando acabou, já estava na hora de ir embora. Taeil se vestiu adequadamente no vestiário, desde lá percebendo alguma presença estranha naquele necrotério. Vestindo o seu casaco, sendo uma das últimas peças que faltava para serem vestidas, olhou para o espelho do local. Havia apenas ele lá, e nada de incomum.

Sentou-se em um banco para poder calçar seus tênis, se distraindo com isso por enquanto. Até que seus pensamentos foram interrompidos por um barulho na última cabine de sanitários.

Assustou-se com o barulho e, como já tinha terminado de amarrar os cadarços, se levantou.

- Tem alguém aí? Está tudo bem? - Perguntou para o nada, pois ninguém respondeu.

E como não obteve resposta, pegou a sua mochila e saiu de lá quase correndo. Andou pelos corredores, até se deparar com uma conversa entre dois auxiliares, que consistia basicamente em lamentar a morte tão trágica de um jovem rapaz de vinte e um anos.

Tinha tanto o que viver...

Continuou andando até o lado de fora do necrotério, onde viu Jongdae olhando para o céu enquanto estava de braços cruzados. Ficou surpreso pelo médico não ter ido embora até então e, por isso, se aproximou dele.

- Doutor Kim, ainda não foi embora?

O mais velho olhou para ele e deu um sorriso simpático.

- Oi doutor Moon. Se estou aqui, é porque ainda não fui, não é? - Perguntou bem humorado, recebendo um sorriso tímido de Taeil como resposta. - Brincadeira. Só estou pensando em umas coisas, mas não é nada demais. Não precisa se preocupar.

- Ah, é que... não sei, o senhor parecia tão sério.

- Venho tido uns problemas pessoais, mas como disse, não precisa se preocupar.

Taeil assentiu. Não iria mais perturbar seu chefe.

- Bem, se é assim... Eu vou indo. Se precisar de alguma coisa, pode me ligar.

- Igualmente. - O sorriso se alongou. Ouviu um tímido "até mais" e viu o mais novo andando até o estacionamento. - Só uma coisa, Taeil. - Viu o outro virar o rosto para si. - Se estiver sentindo algo estranho dentro do necrotério, não hesite em me avisar, ok?

O primeiro pensamento que veio à cabeça de Taeil foi falar sobre o que ele ouviu no vestiário, mas por algum motivo, decidiu se calar. Pode ser interpretado como apenas coisas de sua cabeça, e Taeil não queria isso.

O Bruxo de Bukhansan - DoJaeOnde histórias criam vida. Descubra agora