O trágico amor Shakespeariano - Parte II

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Sicheng acordou bem cedo. Sete da manhã era o horário que normalmente acordava para se arrumar e ir tomar um café da manhã para ir ao consultório psiquiatra; porém, naquele dia, para sair da cama foi quase impossível. Sentia-se fraco e fatigado, como se o conforto da cama fosse o único lugar possível para si naquele momento.

Todavia, teve que se levantar. Fez sua higiene matinal, vestiu a sua roupa - que consistia em uma blusa de manga comprida rosa, uma calça moletom cinza e tênis igualmente cinza -, arrumou a sua cama e saiu do quarto.

Arrepiou-se um pouco ao passar pelo corredor e descer as escadas. Olhou para um dos lados dela e não viu ninguém no lado direito, onde havia um sofá e alguns outros móveis. A luz da manhã irradiava pela porta de correr feita de vidro que ligava o jardim à parte interna da casa. Descendo um pouco mais os degraus, viu o lado esquerdo. Um sofá maior, de frente para uma televisão e de uma outra porta de vidro que levava a um espaço de lazer ao ar livre, onde havia várias plantas saudáveis e bonitas. Finalmente, uma cozinha americana.

Já estava acostumado a viver sozinho em um espaço enorme daqueles, então nem se preocupou em ver se alguém estava lá. Por isso, levou um susto ao ver que havia uma pessoa sentada, abraçando os joelhos e com uma manta vermelha a cobrindo quase inteira. Nas mãos, um IPhone relativamente recente com um fone de ouvido sem fio conectado. O movimento da tela claramente indicava que estava reproduzindo um filme ou série.

Obviamente se tratava de Yuta, mas Sicheng sentiu o susto mesmo assim. E foi exatamente esse susto que chamou a atenção do japonês, que pausou a tela do celular que o dono da casa havia lhe dado, olhando para trás e se deparando com o próprio. Tirou um dos fones do ouvido.

- Rapaz, todo dia você se assusta comigo. - Deu uma risada.

Sicheng respirou fundo, aliviado. Aproximou-se do outro.

- Você que acorda mais cedo que galo de sítio. - Olhou para a tela do celular do outro. Ergueu uma sobrancelha. - O que está assistindo?

Yuta olha de relance para o celular e volta a sua atenção ao outro.

- Ah! É House!

- House? Espera... Você está na minha conta da Amazon?

O mais velho fez que sim.

- Apague o armazenamento do celular caso não queira que ninguém tenha acesso às suas senhas. A sua sorte é que eu sou bonzinho e não peguei a numeração do seu cartão ou algo do tipo. - Riu um pouco mais. - Por acaso você achou que eu não entendo nada de tecnologia?

Sicheng coçou a nuca, sem graça.

- Er... Sim? - Sorriu amarelo. - Você é mais esperto do que eu pensei, eu gosto disso.

Yuta fez que sim, corando um pouco.

- Sim, senhor. Me desculpe se eu sou muito invasivo.

- Não, você não é. Quer dizer, você é curioso demais e não para de falar, mas... eu disse, eu gosto disso.

O japonês sorriu tímido.

- Obrigado, eu acho. - "Fofo", foi o que Sicheng pensou. Balançou um pouco a cabeça, reprovando seu próprio pensamento. Yuta continuou a fala. - Eu estava muito curioso para finalmente ver o final de House.

- Mas essa série não foi finalizada há uns dez anos?

- Sim, mas vida de fantasma não é fácil. Eu frequentava a casa de uma moça que assistia todo sábado quando era lançado um episódio novo lá em dois mil e cinco, mas ela se mudou e nunca mais vi os episódios em sequência, só alguns aleatórios. Por isso, não morra, viu? - Apontou para ele. - Até para se divertir você precisa se desdobrar quando se é um fantasma.

O Bruxo de Bukhansan - DoJaeOnde histórias criam vida. Descubra agora