Doyoung decidiu que, talvez, a melhor ideia para aquela noite seria ficar na casa de sua mãe até o dia seguinte. Não podia dar sorte ao azar e deixar que o seu pai aparecesse por lá novamente, então foi o que fez.
Iria se recolher no seu quarto se não fosse seu irmão entrando na casa como se tivesse corrido uma maratona. Jeno estava ofegante quando bateu a porta da casa com força, e andou com pressa até seu quarto, sem falar com quem estava na casa. Doyoung o acompanhou com o olhar, sem ter tempo nem de perguntar o que houve.
- Jeno? - A princípio, Doyoung tentou procurar sua mãe, mas a vontade de entender o que aconteceu com seu irmão falou mais alto. Seguiu Jeno até seu quarto, onde o encontrou enfiado debaixo dos cobertores de sua cama - Jeno, o que aconteceu?
Sem resposta. Jeno estava tremendo debaixo das cobertas, sem perceber que seu irmão havia entrado. Apenas se deu conta disso quando Doyoung se sentou ao seu lado e passou os dedos por suas costas. O mais novo deu um gritinho e, com o cobertor sobre sua cabeça, Jeno descobriu o rosto e ficou de joelhos na cama, olhando diretamente para o mais velho.
- O que aconteceu? - Doyoung repetiu. - Jeno, por favor, me fale! - pegou nos braços do irmão cuidadosamente.
- U-Um cara tentou me matar!
Doyoung arregalou os olhos. Viu Jeno pegar a sua bolsa de forma atrapalhada e, de dentro, pegou a caixa que antes pertencia a seu padrasto. Ofélia saiu de debaixo da cama do mais novo, e subiu na cama já latindo sem parar, rosnando quando cheirou a caixa.
Doyoung passou a mão na cabeça da cachorrinha para que ela se acalmasse. Contudo, ele mesmo estava nervoso.
- C-Como assim, Jeno?
- Ele ia usar isso... mas acabou "voando" para a minha mão.
Desconfiado, Doyoung pegou a caixa das mãos de Jeno e tirou a tampa. Um athame dourado enfeitava a caixa de pano roxo, onde cabia perfeitamente o seu formato. Um artefato mágico, de fato. Ofélia voltou a rosnar, agora para a arma.
- Ofélia... - Jeno pegou a Shih-tsu e a colocou em seu colo, a fazendo parar de rosnar.
Doyoung prendeu a respiração para soltar com mais calma, depois de alguns segundos.
- Como isso aconteceu?
Jeno também tentou se acalmar; porém, só começou a chorar, largando a cadela - a qual desceu da cama e voltou para debaixo da mesma - e abraçando o seu irmão com força, o qual o retribuiu.
- Ele tentou me puxar para algum lugar, mas então... essa faca aí se soltou da mão dele e foi parar na minha... no metrô! Eu corri para dentro do trem!
Poderia se tratar de um bruxo, claro. Contudo, o que aquele athame, aparentemente pertencente à caixa que Siho deixou para seu filho, estava fazendo com ele?
- Calma, Jeno, calma! Eu vou procurar alguma resposta disso!
- Não quero ficar sozinho!
Sem saber o que fazer, Doyoung olhou para os lados, não percebendo que sua mãe estava a caminho, entrando no quarto do filho mais novo com pressa.
- Doyoung!
O tom meio desesperado de sua mãe não o dizia algo bom. O mais velho engoliu em seco, ficando ainda mais atônito quando ouviu o que se seguiu:
- Seu pai sofreu um acidente!
Doyoung sentiu o seu corpo inteiro estremecer, e um frio na barriga tomou seus sentidos, a ponto de se sentir sufocado. Seus olhos já não se fixavam em um lugar só. Foi quando ele se levantou da cama.
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O Bruxo de Bukhansan - DoJae
FantasyA magia existe. Elementos são manipuláveis. A lenda que corre pela cidade, no fim de tudo, não é uma lenda. Kim Doyoung, após uma visita à casa de seu pai, em outra cidade, se vê em uma macabra situação ao voltar para Seul e passar pelo pé da enorme...