🎈 O Garoto da Rua Jackson🎈

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░▒▓█ OUTUBRO, DERRY,1988 █▓▒

Estamos na Lewis Street. Era por volta das 19:00h naquele dia chuvoso que banhava todo o restante da cidade de Derry. Na residência local da mesma, uma jovem negra de longos e acastanhados cabelos cacheados envoltos por uma traça de lado, estava assentada na cama do seu quarto a fazer alguns recortes de revistas em um caderno enquanto era iluminada pela luz cômoda do abajur que ficava sob o móvel da cabeceira e que oscilou por alguns instantes sincronizadamente com o estrondar do trovão e um gélido arrepio no final da espinha chamando por então a sua atenção, seria um sinal? Nos primeiros dez segundos, para Quinn Backer, talvez... Tendo em vista de que era conhecida por ter uma imaginação extremamente fértil. Mas se fosse somente sua imaginação a causa de seu espanto, esse seria o menor dos problemas, mas não podemos esquecer de que Quinn é mais uma criança de Derry, mais uma criança rodeada pelo ar de estranhamento que paira pelo ar da cidade que os mais antigos, juram de pés juntos ser um palco de maldição.

Mais um trovejar brada aos seus ouvidos junto do arranhar dos galhos da árvore na vidraça da janela que ficava de frente para o seu quarto.  Ela se levanta, e com os pés revestidos unicamente por um par de meias rosas desce as escadarias em direção a cozinha aonde abrindo a geladeira se serve de um copo de leite quando avista um Mustang Preto 1969 estacionando de frente da casa o que a faz apressar a volta para o quarto, mas seus esforços foram em vão, vendo que quando estava no meio da escadaria que ficava de frente da porta a mesma se abriu.

- Aí... - Um homem de longos cabelos castanho escuros, porte atlético esguio e barba mal feita pergunta abrindo a porta - A Kate já chegou?

- Não... Ainda não - Ela responde ainda de costas para o mesmo

- Ahhh... - Resmunga aos suspiros - Tá' uma selva lá fora... - O mesmo tira sua jaqueta jogando-na em um dos braços do sofá - Parece que um garoto desapareceu na Rua Jackson e estão fazendo uma busca pelos bairros vizinhos - Dizia tirando suas botas jogando-as atrás da porta e seguindo para assentar-se no sofá

- Um garoto? - Quinn agora curiosa volta-se na direção do mesmo - Da Rua Jackson?

- É o que estão dizendo por aí... Abre uma cerveja lá pra mim vai... - O homem ordena acendendo um cigarro

Quinn abre a geladeira e pegando uma cerveja, abrindo-na com o abridor metálico a coloca na mesa de centro próximo de Johnny Buckley o atual namorado de Kate, sua tia.

- Você sabe mais alguma coisa sobre esse garoto da Rua Jackson? - A garota pergunta mesmo não demonstrando tanta afinidade para com o mesmo

- Um cara que estava ajudando com as buscas não me disse muita coisa... - Johnny no intervalo de uma golada brusca ao bocal, repousa os pés sob a mesinha centrada á sala - [...] Só me disse que ele saiu pra brincar na rua de casa já faz algumas horas, que se chama George e a família está louca atrás do garoto

- "George"? - Pergunta Quinn um tanto receosa - Qual o sobrenome dele?

- Eu na me lembro direito... - Johnny indaga a dar com os ombros - George "Snow" ou "Munroe"... Algo do tipo

- Denbrough?

- É! Denbrough... George Denbrough da Rua Jackson, conhece?

- O irmão dele estuda no mesmo colégio que eu...  - A diz enquanto tentava deduzir a informação que acabara de receber

- Bom... Então, pelo menos os pais ainda têm um filho de consolação - Em um riso anasalado Buckley diz elevando o bocal novamente aos lábios

- Ele só está desaparecido... Não devia dizer isso - Esta o corrige

Ele se levanta e caminha em sua direção se pondo de frente para ela.

- E você deveria não deveria ser tão bobinha... - O diz com a mão encaixada em volto do delicado e arredondado queixo de Quinn - Já parou pra contar quantas crianças desaparecidas já foram encontradas aqui em Derry? Já parou pra pensar "Quinny"... - Continua - Que uma criança desaparecida em Derry nunca mais encontra o caminho de casa? Aconteceu o mesmo com a minha priminha Alice há vinte sete anos atrás e com esse tal de "Georgie" não vai ser diferente - Johnny dizia enquanto se via refletido nos olhos castanhos em alguns indagos pausados e tensos - Eu aposto U$10... Que não vai demorar menos de um mês pra acharem o corpo do garoto já em decomposição ou o que sobrou dele... - Após alguns silenciosos encararos, Johnny surpreende a menina com uma risada gritada e quase insana

Enquanto esse ri devida a reação imediata de susto da menina, Quinn se afasta repudiando com os olhos a ação do mesmo que ainda aos risos bebe a cerveja. O mesmo tropeçando nos próprios pés, acaba batendo uma das mãos em um vaso fazendo com que quebrasse em vários cacos estilhaçados.

- Limpa... - Ele aponta para os cacos enquanto eleva novamente o bocal da cerveja

- Não fui eu que quebrei...

- E do lado de quem que você acha que a Kate vai ficar? Do fardo que o irmão dela deixou pra cuidar depois de ter se metido naquele acidente que você causou?

Quinn vendo-se sem escolha, vai até a cozinha, pega a pá e a vassoura embutida recolhendo os cacos de vidro enquanto Johnny assiste TV. Fora distraída pensando no que o mesmo disse sobre o seu pai e relembrando do passado de ambos, que ela cortou a ponta do dedo anelar que escorrendo pelo mesmo gotejou dois grandes respingos de sangue sob o azulejo que se misturava com suas lágrimas também dispersas pelo piso.

Após limpar o chão, subir as escadarias e fazer um curativo no banheiro... Quinn se refuge em seu quarto trancando a porta por dentro. Ela caminha até a sua cama, onde lá recolhida em uma posição fetal olha para um porta retrato que ficava na cabeceira da cama voltado com a fotografia para baixo na intenção de encobrir a recordação registrada. Ao lado, havia um chaveiro com um pingente do famoso "Cubo Mágico" como pendente, esse que ela pega em suas mãos e o encaixa rente ao peito enquanto introspectiva paira o olhar ao vazio quando uma gota de sangue escorre de sua narina direita.

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E esse foi o Capítulo de Abertura de

"Quinn Baker: Bem-Vinda ao Clube"

"Quinn Baker: Bem-Vinda ao Clube"

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Aproveita pra me contar o seu personagem preferido da trama dessa obra prima do medo.
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