Capítulo 3

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São 08:45 da manhã e o avião começa a fazer o seu caminho para subir voo. Essa é a minha primeira vez dentro de um avião, estou sentada ao lado da janela e a poltrona ao meu lado está vazia. Pela pequena janela vejo ao longe gaivotas voando ao longe, as aeromoças avisam para apertar o cinto pois o avião irá enfim decolar, a turbulência enquanto ele está subindo é inevitável. Seguro nos braços da cadeira fechando os meus olhos. Nunca tive medo de altura, mas essa sensação me faz sentir alguns arrepios. Sem perceber, sinto que prendi a minha respiração. Solto um longo suspiro e posso enfim abrir os olhos. —O pior já passou! —repito várias vezes em minha mente.

Então, a voz do piloto estronda por todo o avião, fazendo-nos ficar em silêncio.

— Bom dia! Esse é o voo 32524 da companhia aérea TAM com origem de Congonhas - Guarulhos previsto para chegar ao seu destino, no aeroporto Guararapes em Recife em três horas e meia, podendo ocorrer alguns atrasos devido às fortes chuvas. Esperamos que seja uma viagem tranquila e sem problemas. Desejo a todos uma boa viagem. —ele tem a voz grossa, se ele não fosse piloto poderia facilmente virar um cantor de ópera — pensei.

Na pequena tela de tv do avião, além dos avisos sobre não ficar andando pelos corredores e manter os celulares desligados, aparece um mapa com o caminho já percorrido. E o seu destino em Recife. Ao ler aquilo, sinto outro breve frio na espinha, pego o meu Kindle e clico em um livro que estava tentando a muito tempo terminar de ler "A Última Carta de Jojo Moyes", — sempre tive receio, o título não me trazia boas lembranças. E eu estava em uma fase da minha vida que era melhor enfiar todo e qualquer problema lá dentro do que de fato o enfrentar, acho que no fundo eu tinha medo do que estava guardado.

Me pego suspirando forte, ainda segurando o Kindle olho pela janela e vejo as nuvens passando. O tempo fica muito estranho aqui em cima, ou é o zumbido em meu ouvido que começou a fazer efeito. Procuro um chiclete dentro do bolso da frente da minha calça. Encosto a cabeça na poltrona e deixo meus pensamentos me levarem. 


******

10 MESES ATRÁS


Estava tarde ou cedo demais. Depende do seu ponto de vista. O dia já estava amanhecendo, Gustavo ainda não tinha voltado da festa. E isso me deixa nervosa, são quatro da manhã e ele não mandou notícias, ando pela casa sem conseguir pegar no sino. Fiquei olhando para a tela do celular sem nenhuma resposta das minhas mensagens. Até que finalmente, o celular vibra. São quase cinco da manhã agora, e é o Gustavo avisando que estava do lado de fora e que precisava de ajuda. Abri a porta devagar para não acordar a minha mãe, e o avistei na rua com o moletom cinza que eu o tinha dado.

— Gustavo, o que você faz aqui? Isso são horas? Quer me matar do coração? Você disse que ia na casa de um amigo e que voltava cedo, tínhamos marcado de ir ao cinema hoje, ou ontem pela hora né. E você nem se deu ao trabalho de avisar. —disse furiosa.

— Eu sei meu amor —ele disse isso, olhando em meus olhos e se aproximando de mim, colocou as mãos em meu rosto deu um sorriso de canto, era seu jeito meio safado.

Eu nunca consegui resistir, esse sorriso safado dele me deixava de pernas bambas. Meu coração acelerava só de imaginar, e minha única vontade é de beijá-lo até faltar o ar. E foi exatamente isso que eu fiz. Coloquei meus braços em volta do seu corpo, enquanto ele segurava a minha nuca e nós nos beijamos. Ele tinha gosto e cheiro de cigarro e de perto, dava para reparar que seus olhos estavam vermelhos. Ele tinha fumado. Me afastei e já estava pronta para dar mais um dos meus sermões quando ele me interrompe e pede a minha ajuda com algo.

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⏰ Última atualização: Jun 18, 2020 ⏰

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