O leilão

Capítulo 37

Yoongi

O céu ainda estava preto quando saímos. A cidade dormia, mas pra gente... a guerra começava agora.

O carro cortava as ruas com os faróis apagados. Motorista, segurança, escolta... Tudo milimetricamente calculado. Jimin e Hoseok estavam no outro veículo, seguindo pro ponto deles. Taehyung e Jungkook já tinham saído antes, prontos pro galpão no norte.

No banco de trás, SN segurava minha mão. Não dizia nada. Não precisava. A tensão no olhar dela já dizia tudo. Era mais do que medo. Era ódio. Era cansaço. Era sede de acabar com aquilo de uma vez.

- Tá preparada?.- perguntei, olhando pra ela.

Ela respirou fundo.

- Não sei se preparada é a palavra... Mas eu não vou fugir.

Apertei sua mão, leve, mas firme. E você não vai. Nem hoje. Nem nunca.

Namjoon, no banco da frente, virou pra nós. Chegando no local, você e ela ficam colados em mim. A entrada principal tem vigilância pesada, mas temos o código. A prioridade é pegar os registros e acabar com essa operação inteira.

- E se eles reagirem?.- SN perguntou, encarando ele.

- Então eles morrem. - foi Jin quem respondeu, seco, sem sequer olhar pra trás.

Quando o carro parou, o rádio chiou.

- Aqui é Jungkook. Posição norte, pronto. Alvo confirmado.- Aqui é Hoseok. Zona leste pronta. Sem movimentação anormal... ainda.

Namjoon apertou o botão.

- Central indo pro alvo principal. Movam na nossa marca. Três. Dois. Um... Vai.

A porta abriu. Saí puxando SN pela mão. O frio da madrugada cortava a pele, mas o sangue queimava nas veias.

O prédio parecia comum, mas só quem sabia... sabia que ali dentro não tinha nada de comum.

Três seguranças na entrada. Jin derrubou dois antes que piscassem. O terceiro tentou reagir, mas foi silenciado por mim. Silencioso. Preciso.

- Limpo.- avisei.

Entramos. Corredores estreitos. Luzes piscando. Sons de passos, vozes, rádio.

- Dados ficam no subsolo.- disse Namjoon, analisando o mapa digital no tablet. - É lá que eles guardam tudo. Arquivos, contratos, senhas... O coração disso.

Descemos. Cada degrau parecia mais pesado que o anterior. SN não soltou minha mão nem por um segundo. Eu sentia o tremor nela, mas sentia também algo diferente. Ela não era mais só uma garota fugindo dos pais. Ela era uma mulher que estava encarando quem destruiu a vida dela.

Assim que chegamos no corredor final, as portas de aço se abriram.

- ALVO VISUAL!.- gritou alguém de dentro.

Tiros.

Jin puxou SN pro canto. Eu levantei a arma e respondi. Dois caíram. Namjoon jogou uma bomba de fumaça. A confusão foi instantânea. Mais dois no chão.

Avançamos.

Quando a fumaça abaixou, só restavam corpos no chão.

Dentro da sala... racks de servidores, pastas, maletas, documentos. Era como abrir uma ferida podre. Tinha tudo. Nomes. Contas. Transações. Fotos. Vídeos. Tudo o que eles fizeram. Tudo o que mantinha aquele império de sujeira de pé.

Jin e Namjoon começaram a baixar os dados.

O rádio chiou.

- Aqui é Taehyung. Galpão norte LIMPO. Tudo queimando.

- Aqui Hoseok. Leste dominado. Carregando provas.

Namjoon apertou o botão.

- Principal tomado. Operação finalizada.

Eu olhei pra SN.

Ela tava parada, no meio da sala, olhando tudo. As mãos tremiam. Os olhos marejados.

Me aproximei, segurando seu rosto. Acabou, amor. Acabou.

Ela sorriu. Fraco, mas verdadeiro.

- Eu não acredito...

- Acredita sim.- puxei ela pra mim, selando nossos lábios. Um beijo que tinha gosto de alívio, de dor, de vitória, de liberdade.

Quando nos afastamos, ouvi Jin atrás de mim.

- Tem uma coisa que vocês vão querer ver.

Nos aproximamos. Ele virou a tela. E ali, no meio dos documentos... apareciam outros nomes.

Nomes de pessoas... que ainda estavam soltas.

Nomes de gente que sabia. Que lucrou. Que compactuou.

E Namjoon falou, sério, olhando pra todos:

- Isso... não acabou. Isso vai muito além.

E, olhando pra SN, completou.

- A pergunta agora não é se a gente vai atrás deles... A pergunta é, vocês querem ir até o fim?

Me virei pra ela.
E sem hesitar... ela respondeu.

- Até o fim.

Continua...