Capítulo 01

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L7

Olho pro sol brilhando as seis da manhã aqui em Pernambuco. Vim pra cá com o Jorge assim que acabou aquela confusão lá no Rio, trabalho em um mercado aqui mas sempre na atividade, trabalho só pra não dá pista mermo, por que graças a Deus não preciso.

Jorge com quatro anos já, cria. Inteligente pra caralho meu muleke. Cuido e protejo como se fosse uma joia, não faço mas que minha obrigação, certo? Nunca tive um pai presente por isso dou todo amor que eu nunca recebi a ele. Minha vida ali, po.

Mãe dele só falei uma vez depois que mandei ela pro México, me ligou chorando e tudo, me implorando pra voltar e ficar com a cria, apertou meu peito pra caralho, mas não deixo voltar não. Mudei de número e tudo. Tô ligado que se o Lipão achar um de nós três, ele não vai exitar em matar.

Mas apesar de tudo já tô pensando em voltar pro Rio, sei dos risco que eu e o Jorge, tá correndo, mas minha favela tá em boas mãos sei que todo mundo ali tá preparado pro que der e vier.

Me arrumo pro trampo, faço um chá pro Jorge. Só esse muleke mermo pra gostar de chá, bebe como se fosse água.

Abro a porta do quarto dele, e vejo ele todo encolhido debaixo das coberta. Dá até pena de acordar, mas tem que ir pra escola. Planejo hoje mermo desmatricular ele, e já preparar as coisas pra ir pro Rio.

Chegar lá no sapatin sem ninguém saber, pra não ter assunto na favela, tem que ser tudo de finin. Pra aquele cão não saber de nada.

L7- Bora lek acorda aí- cobre o rosto- Bora Jorge, tenho tempo não fi, bora, bora.

Jorge- A não pai, por favor, tô com sono-

L7- Eu sei, e eu também tô, bora logo que tô cheio de coisa pra fazer-

Pego ele no colo e levo pro banheiro. Espero ele sair o ajudo a se vestir, e a gente vai pra cozinha, pra comer, com ele falando vários papo do sonho dele, os dinossauro lá que tava voando de vassoura. Ó o papo do lek kkkkkkjkkk

Saímos de casa sete horas, chego na escola dele, estaciono a nave e entro com ele, falo com a diretora lá e tá tudo certo, só vai estudar até hoje.

Chego no mercado, falo com o patrão, e também tá tudo certo, pedi demissão fui no RH e pá essas parada ai. Democracia do caralho.

Chego em casa umas nove, arrumo tudo, falo com o cara que aluga a casa aqui e tudo mek.

Compro as passagens pro Rio, e vou buscar o Jorge na escola.

[...]

Oito horas da noite tamo saindo de casa. É isso, partiu Rio. Levar meu muleke pra conhecer as raízes sempre foi o meu maior desejo. Tô grato de mais por tá realizando isso, fé em Deus sempre.

Chego na minha terra três horas depois, Jorgão dormindo no meu colo, peço um uber e mando ir pra Rocinha.

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